Agente é executado e polícia mata cinco suspeitos

Em resposta ao assassinato do investigador da Polícia Civil José Carlos Gonçalves Teixeira, conhecido entre os colegas como O‘hara, 52 anos, cometido nesta tarde, em Canabrava, cerca de uma centena de policiais civis e militares realizaram incursões na região, o que resultou na morte de cinco suspeitos em alegados confrontos a tiros, por volta das 20 horas desta terça-feira, 16.

Conforme os policiais envolvidos na ação, os cinco baleados tiveram participação no assassinato de O´hara. Três deles eram irmãos. Aos berros, a mãe deles, que se identificou apenas como Maria da Conceição, disse que os filhos não teriam envolvimento com o tráfico de drogas e nem com o homicídio.

“Eles não iam ficar em casa, onde foram mortos, se estivessem envolvidos, ainda mais vendo um monte de policiais na rua”, se desesperou a mãe. Os corpos dos irmãos – Edmilson Ferreira dos Anjos, 22 anos, Rogério Ferreira, 24, e Manoel Ferreira, 23 – e outros dois ainda não identificados foram levados por uma equipe da Coordenação de Operações Especiais (COE) da Polícia Civil ao Hospital Roberto Santos, no Cabula.

Os baleados foram enrolados em lençóis e postos em uma picape da COE. Policiais da unidade, liderados por um delegado, cujo nome não foi informado, tentaram intimidar a equipe de A TARDE e de outros órgãos de comunicação, ordenando para que não registrassem imagens da retirada dos baleados. Em contrapartida, permitiram a uma equipe da TV Aratu acompanhar a mesma ação ao lado deles.

Tortura – O investigador, segundo versão de colegas, estava próximo ao final de linha do bairro, observando a movimentação de supostos traficantes para alertar, via celular, outros policiais que faziam o cerco na Rua Beija-Flor. Em circunstâncias ainda desconhecidas pelos policiais, O´hara foi dominado por bandidos e levado para um ponto isolado, onde recebeu os tiros.

Em meio às incursões, policiais falavam que O´hara teria sofrido tortura e jogado em uma ribanceira após ser alvejado, na localidade conhecida como Fonte. Lotado na Superintendência de Inteligência da Secretaria da Segurança Pública, O´hara prestava apoio a uma investigação da COE. A ação seria uma tentativa de desarticular uma quadrilha liderada por um traficante conhecido como Banana.

Ainda em Canabrava, o delegado Nilton Borba, do Departamento de Crimes Contra o Patrimônio, confirmou que drogas foram apreendidas e seriam levadas à Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes com suspeitos presos. Até o final da noite, o delegado de plantão na unidade, Luís Marcelo, não havia confirmado qual material fora apresentado (se apenas drogas ou armas), nem a identificação dos detidos. Ao mesmo tempo, o investigador Paulo Portela confirmava, por telefone, que as equipes continuavam realizando buscas em Canabrava.

Gritos – Já os familiares dos irmãos mortos apenas gritavam desesperados. A mãe deles mostrou às equipes de reportagem seus pertences e móveis revirados em casa, na Rua Beija-Flor. Marcas de sangue compunham a cena. “Os policiais me tiraram de dentro e mataram meus filhos. Rogério e Manoel eram usuários de drogas, mas não traficavam. Quero justiça”, bradou.

Outros moradores lançaram reclamações contra os policiais (também estiveram lá militares do Batalhão de Choque, Rondesp e agentes de várias delegacias). A alegada truculência, contaram, se mostrou na agressão a um garoto de 15 anos e na morte, a tiros, de um cão pitbull.

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