O Papa Francisco condenou nesta
segunda-feira o “horror do aborto” e o “crime do tráfico de seres
humanos” perante o corpo diplomático, ao qual pediu um compromisso com a
paz e o direito humanitário.
Por ocasião de sua primeira saudação a
centenas de embaixadores, outros diplomatas e suas esposas reunidos na
Sala Clementina, Francisco clamou pela resolução dos conflitos em todo o
mundo, em particular na Síria, República Centro-Africana, Sudão do Sul,
Iraque, Egito, Líbano, Israel/Palestina, Nigéria, Mali, Grandes Lagos,
Chifre da África, Coreias…
Em seu discurso, o Papa argentino
concentrou-se principalmente na exclusão e no tráfico, em que ele vê
grandes “prejuízos para a paz”.
“O tráfico de seres humanos, crime
contra a humanidade”, foi o momento mais forte de seu discurso, quando
ele denunciou “as crianças utilizadas como soldados, abusadas ou mortas
em conflitos armados, ou aquelas submetidas a um mercado nesta terrível
forma de escravidão moderna que é o tráfico”.
”A paz é ferida por certas negações da
dignidade humana”, declarou, expressando seu “horror diante da ideia de
que crianças nunca poderão ver o dia, vítimas do aborto”. Sua denúncia
mais solene do aborto até o momento.
De acordo com sua visão franciscana de “criação”, ele também falou sobre “a exploração gananciosa dos recursos ambientais”.
“Lembro-me de um ditado popular: ‘Deus
perdoa sempre, nós nos perdoamos às vezes, a natureza nunca perdoa
quando é maltratada”, observou Jorge Mario Bergoglio, citando “os
efeitos devastadores de algumas catástrofes naturais recentes”.
Ele também fez menção à desnutrição por
causa do “desperdício de alimentos em muitos locais imersos na cultura
do desperdício”. Ressaltando, contudo, que “não são apenas os bens
supérfluos que estão sujeitos ao desperdício, mas muitas vezes os seres
humanos que são jogados como se fossem coisas que não são mais
necessárias”.
Francisco apelou novamente “para não
excluir as pessoas da vida social” e defendeu a família, “a linguagem da
paz” para a sociedade, que os Estados devem “apoiar, promover e
consolidar”. Ele também reiterou a sua preocupação com as “multidões” de
deslocados e refugiados, “números anônimos” nos campos e vítimas dos
naufrágios “da indiferença geral”, como os ocorridos perto da ilha
italiana de Lampedusa.
Diante de 183 delegações, incluindo do
Sudão do Sul, Palestina e da União Europeia, Francisco apoiou os
esforços diplomáticos para realizar a Conferência de Genebra 2,
convocada para 22 de janeiro sobre a Síria.
“Espero que a conferência de Genebra II,
convocada para o dia 22 de janeiro, marque o início do desejado caminho
da pacificação” na Síria, declarou o pontífice, que também pediu “o
pleno respeito ao direito humanitário”.
“É inaceitável que a população civil
inocente seja atingida, sobretudo as crianças”, afirmou o Papa
argentino, que pediu “para que seja garantida de todas as formas a ajuda
humanitária”.
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