Um relatório divulgado pela ONG Transparência
Brasil aponta que a concentração do financiamento eleitoral brasileiro
em poucas empresas é maior do que a desigualdade de renda do país. Para
chegar ao resultado, a organização destinada a combater a corrupção
utilizou uma adaptação do índice de Gini – instrumento criado pelo
matemático italiano, Conrado Gini, para medir o grau de concentração de
renda em determinado grupo. Este índice determina a concentração de
renda por meio de uma escala que vai de 0 (igualdade completa) a 1
(desigualdade máxima). Neste estudo, o índice 1 equivaleu a 100%.
Conforme o relatório, durante a campanha à presidência em 2010, o índice
Gini foi de 84,7%, quando 36 maiores doadoras (de um total de 712)
doaram 61,9% do total. Neste caso, dos R$ 647,9 milhões doados para os
candidatos a presidente, R$ 401,3 milhões vieram das principais
doadoras, o que, segundo o relatório, indica “grau de concentração
verdadeiramente brutal”. No caso da desigualdade social, o índice de
Gini do Brasil, um dos países com pior distribuição de renda, chega a
54,7%. Para evitar que os grandes doadores tenham presença hegemônica em
diversas partes do país – já que os políticos “vencedores” ficam com
“dívida” maior com os grandes investidores do que com os pequenos e,
consequentemente, há um privilégio para as empresas que doam mais – a
Transparência Brasil propõe o "estabelecimento de um teto absoluto para
as doações de empresas, condicionado a tetos estaduais determinados pelo
PIB". De acordo com o relatório, o fim do financiamento privado
"tenderia a empurrar para o caixa 2 ao menos parte dos financiamentos
que hoje fluem no caixa 1". A proibição de doações de empresas privadas
em campanhas está sob análise pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
(Bahia Notícias)
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