As apurações se baseiam em relatórios de auditoria ocorrida no Tricolor neste ano e em 2013 - à época da intervenção judicial que destituiu Marcelo Guimarães Filho da presidência.
Caso as suspeitas acerca dessas operações se confirmem, o prejuízo do clube teria sido em torno de R$ 3,3 milhões.
A auditoria feita no ano passado pela empresa Performance - a pedido da intervenção judicial - apontou o valor de R$ 2,8 milhões em pagamentos de serviços que não teriam sido prestados ao clube.
Recontratada pela diretoria atual do Bahia, a Performance auditou, agora, um novo período da gestão de Marcelo Guimarães Filho - de 1º a 9 de julho de 2013, ou seja, os últimos dias dele como presidente.
Segundo relatório obtido com exclusividade por A TARDE, o Bahia desembolsou R$ 444,2 mil com duas empresas. Não há evidências de que os serviços tenham sido prestados.
Uma delas é a Dicon Contabilidade. Segundo contrato com o Bahia datado de 2 de janeiro de 2012, ela foi contratada para a "prestação de serviços voltados à auditoria fiscal".
De acordo com a Performance, para este serviço foi emitida, em 7 de junho de 2013, nota fiscal no valor de R$ 300 mil.
Os pagamentos do Bahia à Dicon teriam sido seis, distribuídos entre 4 de junho e 5 de julho, a quatro dias da intervenção. O valor saído dos cofres tricolores foi de R$ 108, 9 mil.
"Não obtivemos relatório ou qualquer outra evidência da prestação deste serviço. As pessoas do setor contábil por nós entrevistadas desconhecem qualquer prestação de serviço por parte desta empresa", informa o relatório.
Segundo Vitor Ferraz, diretor jurídico do Bahia, essa informação foi prestada por funcionários do clube em depoimento ao Ministério Público.
Ferraz informa que, há duas semanas, notificou a Dicon a enviar ao Bahia um relatório completo que comprove a execução dos serviços para os quais foi contratada. A notificação ainda não obteve resposta.
Outra suspeita
A outra empresa é a Projtec, nome fantasia do empresário Rogério Novaes Santiago. Segundo a Performance, a empresa emitiu, entre 30 de janeiro de 2012 e 5 de junho de 2013, oito notas fiscais ao Bahia "de diversas consultorias", totalizando R$ 537,3 mil. Pelo contrato, o serviço seria no setor de terraplanagem e drenagem.
Os 17 pagamentos feitos pelo clube, entre 7 de dezembro de 2012 e 1º de julho de 2013, geraram o montante de R$ 335, 3 mil. Ainda pelo relatório, "Claus Dieter, gerente operacional do Fazendão, informou desconhecer qualquer prestação de serviço desta empresa no Fazendão, não sendo por nós obtida qualquer evidência da prestação deste serviço".
O depoimento, segundo Ferraz, também já foi dado ao MP. Tanto o Bahia quanto A TARDE não conseguiram localizar a Projtec no endereço no qual está registrada, em Mussurunga I.
Quanto a Dicon, A TARDE, por telefone, falou com dois funcionários que se identificaram como Rosa e Felipe. Segundo eles, o serviço ao Bahia teria sido prestado por um homem chamado Romualdo. Questionados pela reportagem, eles não quiseram dar mais detalhes e disseram: "Romualdo viajou e deixou todos os telefones aqui".
Contactado por A TARDE, Marcelo Guimarães Filho respondeu: "Todos os serviços ocorreram com certeza absoluta. O engraçado é que eu estou sendo acusado sem provas. É sempre a mesma coisa: quando o time está mal, eles inventam uma acusação sobre mim para tirar o foco da incompetência deles. Todo ano, contratávamos empresas para fazer auditoria. Lembro da Bússola em 2011".
Por fim, ele disse: "Neste momento, aqui na minha mão, não tenho a prova de que os serviços foram feitos. Estou há sete meses fora do clube. Não dá para lembrar de cada detalhe. Mas vou buscar as evidências, pois os serviços foram feitos. Desafio a diretoria atual para uma acareação no Ministério Público".
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