POR QUE AMAMOS TANTO O PECADO QUE MUITO NOS ESCRAVIZA?
É comum
ouvir: Não aguento mais ficar sem sexo, sem bebidas... Sim, isso é uma
pergunta, contudo, nessa circunstância, terei a ousadia de conjugá-la
como uma afirmação: “Sim, amamos muito o pecado...”. Todavia, do título
inicial quero conservar o interrogativo: Por quê? Essa afirmação se
fundamenta no ofício de observar, na arte de contemplar corações em um
constante “debater-se” diante das razões e significados que compõem sua
própria existência.
Ao observar alguém que abre mão de um
vício/pecado, procurando desvencilhar-se dele através da renúncia,
percebe-se – não raras vezes – um profundo sofrimento, e até mesmo
revolta em virtude da ausência do pecado. É como se tal coração julgasse
estar prestando um favor imenso a Deus por estar abrindo mão daquilo
que mais ama.
Mas por que se ama tanto os próprios pecados e
vícios? Por que se inventam tantas desculpas para justificá-los? E por
que sofremos e nos debatemos tanto por sua ausência?
Há quem
brigue fazendo de tudo para defender o seu próprio pecado, para
convencer a todos que ele é algo normal, e que é, até mesmo, uma
“virtude”.
Não se costuma ouvir pessoas dizendo: “Eu não
aguento mais ficar sem adorar a Jesus na Eucaristia. Já estou ficando
louco! Preciso adorá-Lo agora!”. Mas, infelizmente, é comum ouvir muitos
entoando: “Não aguento mais ficar sem sexo, sem bebidas, drogas,
prostituição, nem sem pensar e falar bobagens... Estou ficando louco sem
isso!”.
É lastimável, mas, na maioria das vezes, Deus fica tão
pequeno dentro de nós diante da força e expressão que possui o pecado,
que dá até – metaforicamente falando – para ter dó d'Ele, pois, Ele
acaba ficando sempre em segundo plano diante de nosso amor ao pecado.
"Se faz de tudo para possuir o que se ama!”. Diante de tal enunciado
desvela-se a imprecisão de muitos corações que professam um amor
profundo a Deus, mas, não são capazes de “mover uma palha” para estar
com Ele e saber um pouco mais como funciona o Seu belo coração. Se “ama”
tanto a Deus que não se é capaz de deixar de assistir a um jogo de
futebol para ir à Santa Missa... Contudo, para estar com o pecado parece
que a disposição é sempre nova e real.
Perguntemo-nos: Pelo
que meu coração tem lutado? O que ele tem verdadeiramente buscado e
desejado? E mais: o que ele tem amado? É preciso ser realmente sincero
consigo para responder a essas perguntas e para perceber onde, de fato,
tem se ancorado o próprio coração.
O caos – ausência de ordem –
estabelece-se quando o príncípio que move o coração deixa de ser Aquele
que o criou. Assim, os próprios valores desvalorizam-se e o homem fica
de “ponta cabeça” valorizando o circunstancial – aquilo que passa – e
esquecendo-se do eterno – lugar onde reside a verdadeira realização.
Exerçamos com sensibilidade essa observação e descubramos sinceramente
em que paragens têm peregrinado o nosso coração, para assim poder, com
inteireza e responsabilidade, direcioná-lo ao Seu verdadeiro bem.
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