O estilo de vida sedentário tornou o esqueleto
humano mais frágil e suscetível a fraturas. Há 7.000 anos, o esqueleto
de caçadores-coletores era tão forte quanto o de um orangotango. Já os
ossos de agricultores, há 1.000 anos, eram 20% mais leves e fracos que
os dos ancestrais. A revelação é de um estudo publicado nesta
segunda-feira no periódico PNAS. A perda de massa óssea, alertam os
pesquisadores, está atingindo níveis preocupantes, na medida em que a
pessoas fazem menos exercícios, locomovem-se de carro, passam o dia
sentadas e vivem mais. A osteoporose é uma das doenças que ameaçam a
longevidade, principalmente o sexo feminino. De acordo com dados da
Fundação Internacional de Osteoporose, uma em cada três mulheres com
mais de 50 anos terá a enfermidade. Um time internacional de cientistas
analisou por meio de tomografia de alta resolução e microtomografia a
cabeça do fêmur de caçadores-coletores e de agricultores, a partir de
amostras coletadas em uma região onde é hoje o Estado americano do
Illinois. Eles compararam essas estruturas com ossos de primatas
modernos de tamanho semelhante ao humano, como chimpanzés, gorilas e
orangotangos. Ao todo, 59 adultos humanos e 229 símios foram estudados. A
causa mais provável da perda óssea, para os cientistas, é o declínio de
exercício físico constante. “Outras coisas poderiam explicar as
diferenças entre os humanos, como a quantidade de grãos ingerida pelos
agricultores, no caso milho, assim como possíveis deficiências no
consumo de cálcio”, afirmou Timothy M. Ryan, professor associado de
antropologia e informação de ciência e tecnologia da Universidade Penn,
nos Estados Unidos, coautor do estudo. “No entanto, parece que o fator
biomecânico é o principal. A atividade física e a mobilidade desde os
primeiros anos é o que faz os ossos dos primatas não humanos e o dos
caçadores-coletores mais fortes.” Para os cientistas, anatomicamente
falando, não há motivo para uma pessoa nascida hoje não ter massa óssea
igual à de símio ou de um caçador-coletor. Ainda assim, é pouco provável
que mesmo os indivíduos mais ativos fisicamente desenvolvam ossos tão
fortes quanto dos nossos parentes símios ou ancestrais. “Nós somos
humanos, não há motivo para não sermos fortes como um orangotango. Se
não somos, é porque não estamos desafiando nossos ossos com a carga
suficiente, o que torna nosso esqueleto mais fraco e, conforme
envelhecemos, sofremos fraturas que, no passado, não sofreríamos”,
afirma Colin Shaw, coautor do estudo e pesquisador da Universidade de
Cambridge, na Inglaterra.
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