O reajuste dos salários de membros do Judiciário, Legislativo e Executivo a nível federal foi aprovado nesta quarta-feira (17) no Congresso Nacional e deve passar pelo Senado já nesta quinta (18), antes do recesso do fim do ano.
Mas a decisão deve afetar também os cofres do governo baiano. A lei prevê que o pagamento mensal dos deputados estaduais tenha como teto até 75% dos parlamentares de Brasília. Com isso, o salário dos membros da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) pode chegar a R$ 25.322,25 – o que representaria um impacto de mais de R$ 20,5 milhões aos cofres baianos. Durante almoço com jornalistas nesta semana, o presidente da Casa, Marcelo Nilo (PDT), chegou a comentar que não achava necessário o reajuste, mas que enviaria um projeto caso o Congresso seguisse em frente com a proposta de cerca de R$ 33 mil. “Tô torcendo para que não tenha reajuste. O salário de R$ 20 mil já está bom”, avaliou.
A opinião, contudo, não é compartilhada com os líderes de governo e oposição da bancada. Em entrevista ao Bahia Notícias, o deputado Zé Neto (PT) classificou como “justo” o aumento. “Parece que o deputado não vale nada. Mas nós temos reajustes a cada quatro anos, enquanto outras profissões têm reajustes anuais. Toda pessoa que tem uma família, que tem um compromisso social, tem gastos como todo cidadão”, defendeu. Segundo o petista, o salário é equivalente à importância do cargo, que representa todo o estado.
Para ele, não há “vergonha” em esperar o reajuste, já que ele trabalha “de seis da manhã às dez da noite”. “Não vou dizer que ganha pouco, mas ganha o suficiente para se ter uma vida digna. Eu sou advogado, mas deixei minha profissão. Se continuasse trabalhando no mercado, possivelmente estaria em uma condição muito melhor”, afirmou.
O líder da oposição, Carlos Gaban (DEM), concorda que os parlamentares merecem um “salário digno”, mas acredita que como o aumento é definido por lei, não há necessidade de se debater. “Não é questão de achar ou deixar de achar, é o que está na Constituição. Sempre que aumenta para os deputados federais, aumenta em 75% para os estaduais”, contou. O democrata diz que fala “com muita tranquilidade” por não fazer parte dos beneficiados, mas defende que o reajuste deveria ser realizado de forma sincronizada em todo o país. “Eu não serei mais deputado. Nem me candidatei. Mas, para mim, devia ter uma PEC pela qual se aprovaria como a Câmara fez: os deputados federais no mesmo nível dos ministros e os estaduais no mesmo nível dos desembargadores. Assim, seria uma coisa extremamente clara e transparente e a sociedade poderia acompanhar”, explica. Assim como Neto, ele afirmou que os parlamentares recebem menos do que o mercado. “Qualquer cargo de executivo ou diretoria em uma empresa privada paga muito mais do que o salário de um deputado estadual. Aí você arruma uma série de auxílios para a complementação salarial. Na hora que se tem um salário de mercado, a sociedade pode cobrar muito mais. Eu acho que quando se paga um salário digno, você não tem mais desculpa”, resumiu.
0 Comentários