Amigo relembra prisão com brasileiro condenado à morte na Indonésia


Sem dormir direito por três dias e com a voz embargada, o fluminense Rogério Paez disse nesta sexta-feira (16) acreditar que a execução da pena de morte seria uma forma de aliviar a dor de Marco Archer Cardoso, brasileiro cujo fuzilamento foi confirmado neste sábado (17). O surfista e empresário, que atualmente vive em Niterói, contou ao G1 que o instrutor de voo, de quem ficou amigo quando ficaram presos juntos na Indonésia entre 2006 e 2011, chegou a pedir para ser morto antes, tamanho o desespero de esperar sua sentença. “Se acontecer o que estão falando que vai acontecer, vai ser uma coisa muito triste, muito dolorosa, mas eu tenho certeza que vai aliviar uma dor dele. Esse processo vai dia após dia minando a sua autoestima, você acaba comendo qualquer porcaria, acaba vestindo qualquer coisa”, declarou Paez, uma dia antes da execução. Archer foi preso ao tentar entrar na Indonésia em 2004 com 13 quilos de cocaína escondidos nos tubos de uma asa delta. A droga foi descoberta pelo raio-X, no Aeroporto Internacional de Jacarta. O brasileiro conseguiu fugir do aeroporto, mas foi preso duas semanas depois. O país pune com pena de morte o tráfico de drogas. Paez foi preso com um cigarro de haxixe de 3,8 gramas e ficou oito anos em presídios no país, cinco deles com Archer. Os dois já se conheciam do Brasil, mas foi na cadeia que se aproximaram. Como não foi condenado à pena de morte, pouco antes de ganhar liberdade, em novembro de 2011, ele lembra que o amigo chegou a ter um momento de desespero. “Ele virou para o diretor do presídio e disse: ‘Posso pedir um favor ao senhor? Já tive dois pedidos de clemência negados, eu sei que vou morrer mesmo, então me mata logo’. O diretor olhou para ele, rindo, e falou: ‘Marco, adoraria te matar amanhã, mas o homem lá de cima (o presidente) ainda não assinou. Espera mais um pouquinho’”.

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