Os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e
da Secretaria de Relações Institucionais, Pepe Vargas, levaram nesta
terça-feira, 17, ao Senado o conjunto de propostas de combate à
corrupção que será apresentado nesta quarta-feira, 18, pela presidente
Dilma.
Sem adiantar o que consta do pacote,
Cardozo disse que o objetivo do governo é tratar o assunto em amplo
diálogo com o Poder Legislativo e a sociedade civil. Por isso, o tema
foi discutido previamente com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e
algumas propostas da instituição já foram incorporadas pelo governo,
explicou o ministro. Agora, caberá ao Legislativo tomar o protagonismo
para aprovação das medidas, afirmou.
De acordo
com o ministro, o governo está disposto ao diálogo. "E neste momento é
muito importante que façamos o diálogo com as forças políticas do
Congresso Nacional, sejam elas governistas ou oposicionistas, com as
forças vivas da sociedade. Esse diálogo é muito importante. A partir de
amanhã, quando o pacote for lançado, vocês verão que haverá uma
perspectiva de diálogo para a continuidade disso." Ele explicou que as
medidas de combate à corrupção não se encerram nessas [a serem
anunciadas nesta quinta]; "elas devem abarcar outras propostas e
iniciativas. E, por isso, nós vamos dialogar com todas as forças
políticas, porque acredito que todos os brasileiros querem enfrentar com
coragem e firmeza o problema da corrupção", disse Cardozo.
O
ministro lembrou que o Congresso tem autonomia para definir sua própria
pauta e disse que o governo fará sua parte, enviando as propostas e se
abrindo ao diálogo. Ele cobrou dos congressistas, inclusive os de
oposição, a busca do acordo e da convergência em torno das propostas de
combate à corrupção e à impunidade. "O que se espera de homens e
mulheres que atuam na vida pública brasileira é que tenham o senso de
atender àquilo que a sociedade exige, que busquem mais as suas
convergências do que atender às suas divergências. Nós vamos buscar
seguir nessa linha", disse.
O presidente do
Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), considerou as medidas "muito boas",
mas lembrou que a Casa já aprovou um pacote semelhante de combate à
corrupção em 2013, após as manifestações populares de junho daque ele
ano. "Seria importante o protagonismo do governo para que esse pacote
ande na Câmara dos Deputados."
Apesar disso,
Renan garantiu que tudo que for encaminhado ao Congresso sobre esse tema
será estudado e analisado. "Vamos estudar todas as propostas. Tudo o
que vier na linha de combate à corrupção, do desvio do dinheiro público,
é importante que seja aprovado. Nós precisamos passar verdadeiramente
por esse estágio no Brasil."
Para o senador, o
governo precisará de " muita humildade para se reencontrar com as ruas"
e terá de ir além do combate à corrupção para satisfazer a sociedade.
"É preciso ter uma agenda econômica, um plano econômico que garanta o
desenvolvimento, o crescimento econômico - o ajuste é importante, claro,
mas ele é preliminar, ele é uma pré-condição. É preciso que nós
tenhamos, para após o ajuste, um plano de desenvolvimento econômico. E
vamos fazer a reforma política e combater a corrupção. Aliás, o Senado
já fez isso após as manifestações de junho."
Depois
de Cardoso e Vargas, Renan recebeu o ministro da Fazenda, Joaquim Levy,
mas disse que ele não tinha adiantado, por telefone, qual seria o
assunto tratado na visita. Levy, por sua vez, saiu do Senado sem dar
declarações à imprensa.
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