Com R$ 90 milhões já retirados dos
cofres estaduais para pagar projetos de viabilidade, a ponte
Salvador-Itaparica, considerada por alguns como uma proposta megalomaníaca dos
petistas baianos, deverá ficar mesmo só no papel.
Inicialmente, o governo do Estado,
ainda sob o comando do ex-governador Jaques Wagner (PT), previa a conclusão da
obra que cortaria a Baía de Todos os Santos para o ano de 2019. Toda a
estrutura custaria aos cofres, inicialmente, R$ 7,3 bilhões - com participação
do governo federal. O custo é o mesmo da construção da ferrovia
Transnordestina, que possui 1.728 km de extensão e cortará todo o estado de
Pernambuco, chegando ainda ao Piauí e ao Ceará. A ponte Salvador-Itaparica
teria extensão de 12 quilômetros e seria a segunda maior da América Latina, só
perdendo para a Rio-Niterói.
As contratações das empresas para
realizar os estudos de viabilidade tiveram início ainda na gestão José Sergio
Gabrielli, ex-secretário estadual de Planejamento (Seplan), e continuou sob a
responsabilidade do vice-governador João Leão (PP), atual chefe da Seplan.
José Sergio Gabrielli passou
projeto para seu sucessor na Seplan, João Leão.
De acordo com o deputado estadual
Luciano Ribeiro (DEM) "o projeto morreu” e a gestão petista no Estado já
estaria a admitir que não tem como tocar a obra sozinho, principalmente porque
a administração petista, que queria formar Parcerias Públicas-Privadas (PPP),
não conta com nenhuma empresa interessada devido aos escândalos de corrupção
que envolvem grandes empreiteiras do país.
“Eu posso ter um sonho de ter uma
Ferrari, mas para isso teria que vender todo meu patrimônio. Mas isso seria uma
extravagância”, apontou o democrata.
Segundo Ribeiro, os gatos com
estudos de viabilidade de um projeto que não será concretizado demonstram a
ineficiência da gestão estadual. “Não basta aplicar [recursos públicos] de
forma legal, mas de forma eficiente. Estamos analisando só o aspecto da ineficiência.
Com o fim do projeto, o governo demonstra inaptidão”, condenou Ribeiro, ao
citar que os recursos poderiam ser investidos prioritariamente em Saúde,
Segurança Pública, escolas. "Esse dinheiro - R$ 90 milhões - dariam para
construir três hospitais de ponta no interior do estado", destacou o
parlamentar.
Já o deputado Hildécio Meireles
(PMDB) apontou o erro da gestão petista, que só deveria ter empenhado dinheiro
após a conclusão dos pareceres de viabilidade técnica. Para realizar o estudo,
o governo gastou R$ 8 milhões. “Os 82 milhões, que só deveriam ser gastos com a
licença ambiental deferida e com estudo de viabilidade econômico também
resolvido, foram pelos ares e ocasionou a
inviabilização
do projeto. Podemos dizer que foram
gastos sem a observância dos princípios da Lei de Responsabilidade Fiscal”,
criticou o peemedebista.
Na página oficial do projeto, a Seplan
informou ainda no início de fevereiro que protocolou junto ao Instituto do Meio
Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da
ponte e o órgão teria 60 dias para dar um parecer sobre o estudo. O prazo vence
no próximo dia 5 de abril.
O vice-governador João Leão foi procurado pela
reportagem, mas não foi localizado.
*Por David Mendes
0 Comentários