Robyssão quer ser vereador de Salvador. É essa a
aposta do cantor Robson Costa, líder da banda Bailão do Robyssão, que
confessou a pretensão em entrevista ao Bahia Notícias nesta quinta-feira
(17). O polêmico pagodeiro antecipou que vai se candidatar a uma vaga
na Câmara Municipal de Salvador (CMS), pelo Democratas, partido do
prefeito ACM Neto, nas próximas eleições. “Estou me candidatando para
vereador em 2016, com o objetivo de, apesar da política, tentar fazer um
trabalho social muito bacana através, não só da música. Quero ensinar
os adolescentes a ter uma profissão”, disse o cantor, que ainda sugeriu
ter, muitas vezes, “horror” à política. “O cara que tem uma profissão e
tirar o próprio sustento, dificilmente ele vai se arriscar a ficar na
esquina vendendo drogas, é muito difícil acontecer. Sinceramente, eu
sempre tive ojeriza a política, mas acho que é o único meio em que eu
posso tentar fazer a minha parte e mudar alguma coisa”, contou. Robyssão
afirma que não deseja se vincular a nenhuma bandeira ou causa
minoritária. “Eu não vou levantar nenhuma bandeira, não quero defender
nenhuma classe. Sempre tive ojeriza da política brasileira. É
imprescindível para a lei e ordem, mas não gosto desse mundo”, afirma.
Como uma de suas primeiras propostas, o pagodeiro afirma que deseja
utilizar a “verba de gabinete” para criar cursos técnicos
profissionalizantes que possibilitem a saída de jovens adolescentes do
tráfico de drogas. “O salário será meu. Mas a verba de gabinete pode
servir pra fazer esse curso. Contratar bons profissionais, ir em cada
bairro e inscrever jovens pra que em seis meses, um ano, tenham uma
profissão, um ofício”, garante ele, mostrando desconhecimento sobre as
possibilidades de uso do dinheiro destinado aos funcionários, materiais e
organização de gabinete. "Não quero pra assessores parasitas que só
querem dinheiro. Vou usar pra ajudar nos meus projetos”, afirmou.
Sobre
a ideia de se candidatar, Robson conta que partiu dele mesmo, após um
período de visitas a comunidades e percepção da realidade dos
adolescentes da cidade. “Tive muitos amigos que tiveram suas vidas
ceifadas por causa das drogas. Conversando com alguns, principalmente os
mais novos, os adolescentes, todos têm a mesma resposta. Eu pergunto:
‘porra, por que você tá aqui velho? Por que você não sai?’ Já cansei de
levar livros e o pessoal rir dizendo, ‘Peraê, Robyssão, você canta suas
baixarias e vem trazer livro pra cá?’. As pessoas não entendem”, conta
ele, desapontado ao acrescentar que "tentou muito" mudar e levar
informação para os jovens. “As pessoas não conseguem interpretar de
forma correta as coisas. ‘Olha só, Robyssão é empresário, um músico
profissional. Esse cara que tá perto de você é alguém que quer te
ajudar. Que não quer ver o seu futuro igual ao que eu vejo por aí,
presas ou mortas por causa do tráfico. Gostaria muito que você pudesse
ler’, digo. Sei que as pessoas pegam depois queimam, jogam fora. Elas
não gostam muito de ler, não gostam. Insistentemente, eu fui em vários
lugares, onde o tráfico de drogas impera, principalmente no lugar que eu
cresci, que é Cajazeiras, e encontrei vários jovens e adolescentes que
estão neste mundo e quase todos me deram a mesma resposta: ‘Eu tô aqui
arriscando minha vida porque eu não vou trabalhar pra ser escravo dos
outros. Trabalhar em mercadinho empacotando as coisas dos outros,
limpando chão. Não quero isso pra mim’, me dizem. Não tenho nada contra
as profissões de empacotador, varredor, limpador – todas elas são
dignas. Até a profissão de prostituta eu acho que é digna. Mas essas
pessoas que estão no tráfico não querem isso, porque não veem que vale a
pena. Elas não vão fazer um curso superior, querem um curso técnico que
possa garantir sua estabilidade financeira”, conta ele enfatizando sua
preocupação com os jovens. Em 2013, o Bailão do Robyssão gravou a música
‘Diga não às drogas’, que fala exatamente da batalha do adolescente
contra o uso de entorpecentes e domínio do tráfico nas comunidades. Ao
fim, o cantor, que nasceu no Rio de Janeiro, destaca que sua candidatura
em nada tem a ver com ambições financeiras. “Eu sou empresário, tenho
loja de carros, imóveis, minha banda. Eu não dependo de política, nem
quero depender. É uma forma de tentar fazer acontecer alguma coisa em
relação a tirar os jovens desse caminho. Eu conseguir tirar todos?
Nunca. Mas qualquer parte eu já vou ficar muito satisfeito em ver que eu
fiz algo e contribui para a sociedade”, finaliza. (BN)
0 Comentários