É virose. Qualquer um que tenha levado os filhos ao pediatra provavelmente já ouviu este diagnóstico.
O
problema é que há doenças causadas por vírus, comuns da infância, que
podem ter consequências graves, como o sarampo, a rubeola, a caxumba e a
catapora. Várias delas, por terem ficado muito tempo sem ocorrências no
País, eram tidas como eliminadas. Ao reaparecerem, dificultam o
diagnóstico. Jovens mães e, principalmente, jovens médicos, desconhecem
os sintomas e nem sempre sabem do que se trata.
Infectologistas
ouvidos pelo portal também alertam que é preciso ficar atento às
doenças bacterianas, como meningite, difteria e coqueluche. Nenhum
desses males, que eram muito comuns antigamente, estão erradicados.
Rosana Richtmann, médica infectologista do Hospital Emílio Ribas,
reforça a importância da imunização para o combate eficiente das
doenças.
— As doenças por vírus, comuns da
infância, são imuno previníveis, o que significa que temos vacinas
disponíveis na rede pública. O melhor exemplo de eficiência da
imunização, que é vacinar um grande número de pessoas, é a paralisia
infantil. Não temos mais casos no País.
Sarampo,
rubéola e caxumba eram consideradas doenças eliminadas, já que o último
caso havia sido documentado no ano 2000. Algumas incidências pontuais,
principalmente de sarampo, eram resultado de doentes que vinham de
outros países onde as doenças ainda existem, como Estados Unidos, Ásia,
África e Europa.
— O pessoal viaja, volta, e
desenvolve a doença aqui. Os médicos mais jovem estão desacostumados com
a doença, tem dificuldade de dignosticar sarampo. E essas pessoas podem
passar o vírus para crianças que ainda não estejam vacinadas.
Surto no Nordeste
No
entanto, por falha na imunização em algumas regiões do País, de 2013
pra cá começaram a aparecer casos adquiridos dentro do território
nacional. Dois estados foram protagonistas deste surto: Pernambuco e
Ceará. Segundo o infectologista Marco Aurélio Sáfadi, que é professor de
Pediatria da Santa Casa de São Paulo e coordenador da infectologia
pediátria do Hospital Sabará, foram registrados cerca de mil casos de
sarampo em dois anos.
— As vitimas foram
indivíduos que não estavam vacinados. Isso mostra que, mesmo sendo uma
doença eliminada, não se pode bobear na cobertura vacinal.
A
"inexistência" dos casos durante muito anos justifica, muitas vezes, a
opção de algumas mães de não vacinar seus filhos. No entanto, Sáfadi
alerta que controlar uma doença grave, que matava, hospitalizava e
sequelava, não significa que ela não seja importante.
—
Médicos e mães que nunca viram sarampo, rubéola, caxumba, pois estavam
controladas, não compreendem o impacto que essas doenças podem ter. A
vacina é a melhor profilaxia. Qualquer vacina tem efeito colateral, mas
obviamente isso é irrelevante perto dos beneficios que traz.
Sem
imunização, a dissiminação das doenças pode voltar rapidamente, como
ocorreu no nordeste brasileiro. A dra. Rosana Richtmann também alerta
para o que chama de responsabilidade social na vacinação.
—
Quem é contra vacina pode servir de vetor para espalhar a doença. O
sarampo exige que se fique de olho na imunização. E quem não foi
imunizado na infância,tem gente que não sabe se foi ou não vacinado,
pode fazer isso na vida adulta, desde que não esteja gestante.
Já
a catapora é, de uma forma geral, uma doença benigna. Entretanto, o dr.
Sáfadi alerta que pode haver sequelas, como cicatrizes no rosto,
hospitalizações e até mortes e reforça a necessidade de vacinação.
— A vacina é um instrumento seguro pra prevenir a doença.
Segundo
a dra. Rosana Richtmann, a vacina para a catapora é a mais recente, foi
disponibilizada em 2013, e o impacto da imunização ainda vai demorar um
pouco mais para ser medido. A vacina está disponível na rede pública e a
dose deve ser dada a partir dos 15 meses de idade.
O perigo da coqueluche
Das
doenças da infância causadas por bacterias, o problema mais grave está
na coqueluche. Com sintomas parecidos com os da gripe, como febre baixa,
coriza, mal estar e uma tosse seca, é uma moléstia de diagnóstico
difícil. A proteção da vacina é em torno de 7 anos, o que significa que
provavelmente a maioria dos adultos está suscetível à doença. A
infectologista Rosana Richtmann explica os riscos.
—
No adulto, a coqueluche não é uma doença grave. O problema é que o
adulto pode passar para as crianças. As crianças começam a tomar as
doses da vacina com dois, quatro e seis meses. Mas até os seis meses não
conseguem ter uma imunização eficiente.
O
resultado é que ainda há 100 mortes por ano por coqueluche no Brasil.
Por conta disso, já existe um programa de imunização destinado às
gestantes. A partir da 27ª semana de gravidez, a mãe deve tomar a vacina
de coqueluche, para poder passar anticorpos para o bebê. Segundo o
infectologista Marco Aurélio Sáfadi, essa é a estratégia mais efetiva de
proteção.
— A coqueluche para o neném é
gravíssima, hospitaliza, mata. Desde 2013, existe a recomendação de
vacina de coqueluche na gestação. Protege a grávida e o bebê. É muito
importante que as futuras mamães saibam disso.
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