Dentro ou fora da bolha: A administradora Fabiane Campedeli, de 38 anos, é mãe de Sofia, 7, e Luiza, 4. As duas usam smartphone. "Eu já tinha em casa um aparelho e a Sofia queria ir na casa das amigas. Então comprei um chip para ela poder ligar para mim. A Luiza ficou com ciúmes, claro. Eu tinha um outro celular aqui na gaveta e também comprei um chip pra ela. Mas ela usa pouquíssimo. Ela não sabe escrever ainda então manda emojis e fotos para os avós." Fabiane conta que está sempre de olho nas filhas. "Se elas ficam muito tempo, eu falo para guardar o celular, e as chamo para brincar", diz. "Prefiro que elas brinquem de boneca com outras crianças, mas não posso colocá-las numa bolha. Eu e o pai delas ficamos no celular. Não tem como falar 'eu posso e você não pode'. Os amiguinhos usam. Uma amiguinha mudou de cidade e ela vive mandando WhatsApp, assim como eu mandava muita carta para a minha prima. Mas não acho correto ficar o dia inteiro. Quero que elas sejam crianças", afirma Fabiane.
Mando emojis ou compro uma boneca? Fabio Bentes, economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, afirma que, apesar de prever queda de 2,8% nas vendas do Dia das Crianças neste ano, o comércio de celulares, no segmento de informática e comunicação é positivo. "Segundo pesquisa do IBGE, o preço dos aparelhos ficou 5,3% mais barato nos últimos meses. Isso explica porque os celulares estão em liquidação e têm tido uma performance boa", diz. Bentes conclui que os pais vão gastar mais com a alimentação e brinquedos para os filhos do que se comprassem um celular de presente.
Cuidados com novo brinquedinho: Uma pesquisa feita pela doutora Patricia Peck Pinheiro, advogada especialista em direito digital e fundadora do Instituto iStart, em 450 escolas da região Sul e Sudeste, registra em média 20 ocorrências de utilização inadequada dos smartphones entre os alunos desde o início do ano letivo de 2015. O psicólogo Bruno Mader, do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, conta que já tratou alguns casos que envolviam o uso de tecnologia sem permissão dos pais. Mader diz que o problema está quando se torna conveniente para os pais. "É confortável porque a criança não dá trabalho, fica num canto quietinha", diz. A dica é estabelecer qual o horário de usar o celular, não deixar usá-lo na mesa, na hora de dormir, deixando o celular na sala antes de ir para o quarto. Mas proibir o uso do aparelho não ajuda. "A melhor forma de controlar é os pais se interessarem pela tecnologia. Precisa criar uma relação de confiança com a criança porque ela vai saber burlar e descobrir a senha."
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