Seminarista Natael faz uma reflexão do Evangelho de Marcos..



O CAMINHO DOS SEGUIDORES DE JESUS
(Mc 8, 27-30 e 10, 46-52)

O Evangelho de Marcos tem como temas centrais o Caminho e o Seguimento. Esses dois princípios norteiam a vida do Discípulo. Os temas perseguem o objetivo do autor de mostrar a importância da identidade do discípulo. Esta, por sua vez, se forma na caminhada da Galiléia a Jerusalém. O caminhar com Jesus implica entrar na escola dele, isto é, a própria estrada. O Caminho de Jesus é bem definido. E é importante que seja assim, pois, depois de sua morte os seguidores precisarão voltar por Ele para estar com Jesus, dada a incompreensão que acompanha os discípulos ao longo da narrativa marciana.
O Caminho dos seguidores de Jesus deve começar pela profissão de fé. Ainda que não haja nesta muita clareza. Por isso, Marcos traz a profissão de fé petrina como pressuposto para uma caminhada discipular. Ainda que envolta pelas trevas da incompreensão, se ajustará ao longo do caminho. Mas, o tema da incompreensão não será resolvido por Pedro. Entra em cena Bartimeu, símbolo daqueles que, cegos pela incompreensão, vão ao encontro de Jesus, nele proclamam sua fé e são curados por Ele. Podem enxergar o Caminho a Seguir, para isto é que todo Discípulo é convidado.
Neste primeiro momento, todos são convidados a guardar silêncio a respeito de “quem é Jesus?”. A hora desta Revelação está por vir. Antes, é preciso terminar o caminho. Aqueles que proclamam isso antes da hora são demônios. Exceto Pedro, ele configura a fé inicial, necessária o caminho do discípulo que se dispõe a seguir Jesus.
O Ser Cristão implica necessariamente no seguimento a Jesus. Nisto está subtendido que os anseios e esperanças do povo estavam depositados no Cristo. O seguimento a Jesus é meio único de entrar para o Reino. Para tanto, é preciso que o discípulo seja capaz de se desapegar de suas riquezas e ser alguém aberto à acolhida de todos que desejarem entrar neste caminho; Seguir Cristo é tornar-se Evangelho Encarnado, tal como o Mestre. Porém, tudo isso é dom de Deus para aqueles que aderem à proposta de Jesus. Isso nem sempre é fácil.
Não existem caminhos sem regras. Elas ou são naturais ou convencionais. No caso do discípulo elas são naturais. Na sua Configuração com o Mestre, entendida como adesão a proposta do Reino, o seguidor irá perecer as mesmas dores e alegrias. Jesus sofreu, não será diferente com seus seguidores. Perseguições são prêmios de consolação diários. Passa pela Paixão, Morte e Ressurreição o mesmo padecerá seus seguidores. A paz é a capacidade de permanecer unido a Deus, mesmo na diversidade, levando a cabo a vivência do que fora ensinado pelo Mestre.
O caminho feito pelo seguidor de Jesus tem uma finalidade. Em primeiro momento assumido pelo Mestre e que será postergada aos seguidores: o múnus de ensinar. Jesus ensina quem é Deus e como segui-lo. Mesmo que seu ensino contrarie tudo que foi ensinado pelos mestres e doutores de então, os discípulos não podem proceder de modo distinto. A Ressurreição será sinal concreto da inauguração de uma transformação urgente e imediata, já precipitada por Jesus. Ela não poderá parar. Deve ser ensinada aos outros como Ele fizera enquanto esteve com os seus.
Fazer o percurso de Jesus é caminhar rumo à perfeição do discipulado. Por isso Bartimeu é o protótipo do Discípulo ideal. Mesmo cego, ele reconheceu Jesus como fonte de sua esperança e foi ao seu encontro, mesmo com obstáculos, não desistiu, deixou tudo para trás. Não hesitou ao ser chamado por Jesus. Logo se pôs de pé e foi ao encontro Dele. Por sua perseverança pôde ver. No entanto, não para ao receber o que precisava, mas, entrou no caminho para manter-se fiel ao que viu. Então caminhou não mais nas trevas, mas guiado pela Luz. 
          Autoria : Seminarista Natael ( São Felipe/ Bahia)

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