Toda
vez que nós inalamos o oxigênio presente no ar que respiramos, ele faz o
seguinte trajeto: penetra pelos nossos pulmões e, através do sangue,
chega até o interior de nossas células. O que acontece com esse oxigênio
a partir daí? Bem, este oxigênio é utilizado para a respiração celular,
isto mesmo, nossas células também “respiram”, seus “pulmões” são
chamados de mitocôndrias, e graças à isto nós conseguimos produzir
energia e sobreviver na natureza. Por isso, somos chamados de seres
aeróbicos e só continuamos vivos pela presença do oxigênio em nossas
células.
Porém, após este processo de respiração
celular ocorrer, aproximadamente 2% deste oxigênio é transformado em um
grupo de substâncias chamado de espécies reativas tóxicas do oxigênio,
também conhecidas como radicais livres. Como o próprio nome sugere, elas
podem “intoxicar” nossas células? Infelizmente sim, pois estes radicais
livres podem atacar as membranas das células e causar um estrago
chamado de peroxidação lipídica que eu compararia a “enferrujar”
(oxidar) as células, prejudicando o funcionamento delas. Mas, fique
calmo, pois como diz o ditado, Deus dá o frio conforme o cobertor.
Dentro das nossas células também temos a
capacidade de produzir um antídoto para anular os efeitos danosos
destes famigerados radicais livres. Estes heróis que nos protegem são
chamados de enzimas antioxidantes que anulam os efeitos destes vilões.
Mas, a matéria prima que nossas células necessitam para a produção
destas enzimas protetoras são alguns nutrientes específicos, sendo eles:
vitamina C, vitamina E, selênio, manganês, cobre, zinco, riboflavina,
betacaroteno, compostos bioativos (polifenóis, flavonóides,
carotenóides, glicosinolatos) e outros menos importantes. O que pode
ocorrer se houver um desequilíbrio entre a produção exagerada de
radicais livres e uma produção menor de enzimas antioxidantes?
A preocupação da ciência com esta
possibilidade é tão grande que surgiu uma área de estudo específica para
compreender melhor este tema, chamada de Oxidologia, que estuda as
causas e os efeitos da “oxidação” excessiva das nossas células
(tecnicamente conhecido como stress oxidativo) e suas repercussões na
saúde humana. E sabe quais as conclusões ? Vamos enumerá-las abaixo:
- Aceleração da velocidade de envelhecimento celular.
- Ataque ao DNA das células levando ao risco aumentado de câncer.
- Oxidação excessiva do colesterol, que, quando oxidado, aumenta a chance de entupir nossos vasos sanguíneos e aumentar a incidência de doenças cardiovasculares como infarto agudo do miocárdio e derrames cerebrais.
- Degeneração de uma região do globo ocular chamada de mácula, aumentando o risco de perda da visão progressiva, mais comum em idosos (Degeneração Macular).
- Oxidação excessiva dos neurônios podendo aumentar o risco de doenças degenerativas cerebrais como Alzheimer e Parkinson.
Sem querer ser alarmista vou jogar mais
uma lenha nesta fogueira: não só o oxigênio que entra nas nossas células
leva a produção dos radicais livres. Outros fatores também podem elevar
a produção dos mesmos, de maneira secundária: irradiações ionizantes,
infecções, diabetes descompensado, Síndrome Metabólica, intoxicações por
metais tóxicos (chumbo, alumínio, mercúrio, arsênico, cádmio, etc),
agrotóxicos, tabagismo, excesso de atividade física, alimentação
excessiva em gorduras (inclusive a trans) e açucares simples.
Fica a questão: se eu me exponho à um
somatório de vários fatores desencadeadores da elevação dos radicais
livres dentro do meu organismo como me defender dos estragos do seus
excessos? Obviamente aumentando a oferta de matéria prima para que
nossas células aumentem a produção das enzimas antioxidantes (os heróis
citados acima no texto) e temos então uma chance de diminuir o stress
oxidativo que tanto nos deixa vulneráveis. Aonde encontrá-las? Veja como
é fácil:
- Vitamina C: laranja, limão, tangerina, acerola, goiaba, kiwi, camu-camu.
- Vitamina E: óleos vegetais (azeite extra virgem, canola, linhaça, entre outros), gérmen de trigo, abacate, óleos de peixe, gema de ovo.
- Selênio: oleaginosas (castanhas, amêndoas, avelãs, amendoins), peixes como salmão.
- Manganês: cereais integrais, legumes, castanhas.
- Zinco: carnes magras, aves e peixes, ostras, iogurtes desnatados, cereais integrais, germe de trigo.
- Cobre: nozes, frutas secas, cereais, leguminosas (ervilha, soja, grão-de-bico, feijões, lentilhas)
- Betacarotenos: cenoura, tomate, manga, abóbora, gema de ovo.
- Compostos bioativos: alface, agrião, rúcula, couve, espinafre, berinjela, mirtilo, uva rôxa, cenoura, tomate, cúrcuma, chá verde, brócolis, alho, alho-poró, cebola, cogumelos comestíveis, maçã (com casca), pó de cacau, acelga, beterraba, salsinha, pimentão vermelho, couve-flor, entre outros.
Fica também um alerta: doses altas de
antioxidantes podem fazer efeito contrário, ou seja, se tornam
pró-oxidantes, e o tiro sai pela culatra. Se entupir de cápsulas de
vitaminas e minerais em doses altas acreditando ficar protegido pode ser
uma grande ilusão e piorar sua saúde. Temos os alimentos corretos.
Basta saber utilizá-los a nosso favor. Qual o ponto de equilíbrio? Evite
os fatores (modificáveis) que desencadeiam o aumento do stress
oxidativo (vide acima) e tenha uma alimentação adequada em
antioxidantes. Faça atividade física leve a moderada regularmente, sob
supervisão profissional e visite seu médico periodicamente para avaliar
sua saúde e fazer exames de rotina. Essas medidas costumam ser
infalíveis, sendo a prevenção ainda o melhor remédio. Siga a dieta do
bom senso.
Fonte: Minha Vida.
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