'Se amem como são', dizem mulheres do movimento 'Vai ter gorda' na BA


Bom humor e autoestima são as marcas das mulheres de 20 a 48 anos que integram o movimento "Vai ter gorda" na Bahia. Em conversa ao G1, elas contaram sobre a necessidade de políticas públicas para pessoas gordas no estado, a importância da valorização da autoestima e o objetivo do movimento que começou as atividades este ano, em Salvador.
 
"Em 2012, o movimento 'Vai ter gorda na praia' surgiu em Santos [litoral de São Paulo] e depois foi ganhando outros nomes em cidades do país. Aqui em Salvador nós contamos com 30 integrantes efetivas, mas temos mais de mil seguidores nas redes sociais, trocamos ideias com mais de 100 pessoas em grupos de whatsapp e estamos percebendo que o movimento está cada vez mais alcançando pessoas", explica a funcionária pública Adriana Santos, de 31 anos.
 
Adriana é modelo plus size e a primeira miss plus size da Bahia. Ela representa o movimento no estado e ajuda a organizar os encontros. "O objetivo do grupo é melhorar a autoestima das mulheres gordas, incentivar que as pessoas se valorizem e se amem como são. Queremos sugerir políticas públicas, mostrar às pessoas que também precisamos de acessibilidade. Mesmo se alguma de nós perder peso, continuaremos no grupo, porque não precisa ser gorda para lutar contra a gordofobia. A pessoa só tem que ser humana", relata Adriana.
As mulheres que integram o grupo chegaram a realizar atos nas praias. A intenção era fazer uma relação com um evento de Santos para incentivarem as mulheres a saírem do sedentarismo, ter uma vida de lazer, e estimular a todas que usem biquínis. "Tem que sair do anonimato, não pode se excluir", completa a turismóloga Maria França, que também faz parte do movimento.
 
Adriana destaca a importância do movimento e relata como percebe a reação das pessoas com relação ao grupo. "É um movimento que impacta. Você estar sozinha de biquíni é uma coisa e chegar em um grupo é diferente. Quando chegamos na praia do Porto da Barra recebemos aplausos. A gente tem o direito de usar o que quisermos e o que está na moda. Somos mulheres, vaidosas e gostamos de estar bonitas. A gente quer mostrar a quem está depressivo, a quem está em casa, sem conseguir sair, que não vai à praia, à piscina, que pode fazer o que quiser. Por que eu não posso usar um biquíni?", questiona.
Apesar de estarem confiantes com relação a autoestima, as mulheres abordam os problemas de espaço que encontram. Maria França, por exemplo, conta que já teve situações difíceis com fardamento. "O mercado de trabalho nos exclui o tempo todo. Como trabalho com turismo, muitos locais têm fardamento padrão e nunca cabe em mim. É como se quisessem dizer: 'Aqui não é o seu espaço'. E todo local de trabalho deve estar aberto para receber e inserir todo mundo. Fico triste, mas isso não me fez desistir", disse.
"A gente vai pegar um ônibus e não pode passar na roleta. Você vai sentar no avião, não cabe, tem que pagar mais caro para ter mais espaço. Os provadores de lojas não são muito diferentes: a gente se aperta para experimentar uma roupa, isso quando tem nosso tamanho. A gente busca com esse movimento políticas públicas para ajudar nesse sentido da acessibilidade, da saúde e programas voltados para atender a mulher gorda", completa Adriana.

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