Bactérias resistentes provocam debate sobre uso excessivo de antibióticos


Depois de tantas alegrias dadas pelos antibióticos e outros antimicrobianos à ciência nas últimas décadas, o crescimento da resistência a essas substâncias em pessoas e animais está agora reascendendo o debate sobre a necessidade da realização de novas pesquisas. Alexander Fleming, vencedor do Prêmio Nobel em 1945 pela descoberta da penicilina, alertou na época que o uso incorreto da droga poderia provocar o surgimento de bactérias resistentes. O tempo lhe deu razão: assim como os antibióticos permitiram tratar facilmente infecções que antes eram mortais, salvando a vida de milhões de pessoas, muitos deles perderam parte - ou totalmente - sua eficácia. No caso dos animais, essas substâncias não só foram usadas para curar doença, mas também para fins profiláticos e para aumentar a produção. Diante dos riscos, as possíveis restrições no uso de antimicrobianos são um motivo de atrito para os países, divididos entre os que defendem - como a União Europeia (UE) - que há um vínculo entre o uso e o aumento da resistência antimicrobiana, e os que não veem a utilização da substância como suficiente para provocar o fenômeno, incluindo os Estados Unidos. A especialista da Annamaria Bruno, da Secretaria do Codex Alimentarius (coletânea de normas internacionais para garantir a inocuidade dos alimentos), afirma que a pesquisa é muito importante porque cada vez há mais evidência entre o uso de antibióticos em animais e a resistência em seres humanos. O órgão intergovernamental administrado de forma conjunta pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e a Organização Mundial de Saúde (OMS) busca, desde 2000, como conter a resistência aos antibióticos a partir de análise dos riscos de transmissão pelos alimentos. O Codex promove, além disso, ações globais como o fortalecimento do marco regulador, o uso veterinário dos antimicrobianos de forma prudente e responsável, e a eliminação ou a progressiva redução de sua utilização como promotores do crescimento da produção animal. A especialista destaca que a pesquisa também pretende encontrar alternativas aos antibióticos, como vacinas e outras maneiras de reduzir o risco de doenças nos animais.

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