Na Bahia, a cada 10 famílias de pacientes com
morte cerebral, sete não autorizam a doação de órgãos. As informações
são da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab). Rins e córneas
são os órgãos mais aguardados pelos pacientes. Ainda
conforme os dados da Sesab, ao todo são 987 mil pacientes esperando
transplante de rins no estado, 92 na fila para ganhar um fígado e 1.246
no aguado de córnea.
Enquanto isto, a
média é de 10 doações por mês de múltiplos órgãos, enquanto o ideal
seria 30. Com relação às doações de córnea, a Sesab aponta que são
feitas 25 por mês, enquanto a meta fica em torno de 100. Segundo a nefrologista Caroline Neves, existem poucos centros de transplante no estado.
"Nós
temos apenas três centros transplantadores na Bahia: um em Feira de
Santana e dois em Salvador. E todos esses pacientes que fazem diálise
precisam se deslocar para passar por todo o processo de avaliação e
realização de exames apenas em um destes três centros", afirma. A
professora Marli da Silva foi uma das que tiveram sorte. Ela estava com
problemas nos rins, e depois de mais de dois anos de espera, foi
transplantada há um mês.
Ainda no hospital, a professora já se sente com uma vida nova. "Saber
que eu posso fazer as coisas, que eu posso comer o que eu quero, que eu
posso viajar. Eu queria ter a oportunidade de conhecer essas pessoas
[que autorizaram a doação], poder abraçá-las e agradecer", diz.
Além
de rim, na Bahia também são feitos os transplantes de pulmão, coração,
fígado, córnea e medula, em cinco hospitais de Salvador, Feira de
Santana e Itabuna. Faltam unidades especializadas em transplante de
pâncreas e em transplantes de mais de um órgão. Para América Carolina Sodré, coordenadora da Central de Transplantes da Bahia, faltam estrutura e profissionais.
"Agente
precisa organizar melhor nossa estrutura, ter profissionais que tenham
interesse em realizar esses transplantes, bem como é necessária se ter
uma demanda de pacientes que justifique montar toda essa estrutura,
credenciar esses centros e essas equipes", destaca.
A
pensionista Maria Ilma Dias, que acabou de receber um rim, se diz
aliviada por ter conseguido o transplante. "Tenho 49 anos, e desde os 41
que estou nessa luta. Mas com fé em Deus jamais eu vou voltar para uma
máquina de hemodiálise", desabafa.
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