Depois de mostrar que um terço dos bebês com
microcefalia causada pela zika tem problemas oculares, um grupo de
cientistas brasileiros acaba de publicar um novo estudo que comprova
definitivamente a relação entre a infecção pelo vírus e uma série
distúrbios graves nos olhos dos bebês.
O novo
estudo mostra, ainda, que quanto menor o diâmetro da cabeça da criança,
maior o risco de ter alterações graves nos olhos. A pesquisa, liderada
por Rubens Belfort Júnior, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp
também teve participação de cientistas da Fundação Altino Ventura, do
Recife.
O estudo incluiu 40 crianças nascidas
com microcefalia em Pernambuco, entre maio e dezembro de 2015. Segundo
Berlfort Júnior, das 40 crianças, 24 tiveram testes positivos para zika e
14 apresentaram problemas oculares. No cérebro das 14 crianças os
cientistas encontraram o anticorpo IgM da zika - o que demonstra que
elas tiveram infecção recente.
De acordo com
ele, em Pernambuco e na Bahia já há registros de mais de 200 crianças
com microcefalia e lesões oculares. “O estudo revelou pela primeira vez
que essas crianças com alterações oculares de fato tinham microcefalia
causada pela zika. Também conseguimos demonstrar que o risco de lesão
ocular ocorre principalmente no primeiro trimestre de gravidez”, disse
Belfort Junior.
Os pesquisadores também
fizeram uma análise retrospectiva dos sintomas das mães durante as
gestações. Durante o primeiro trimestre da gravidez, 20% tiveram dores
nas articulações, 22% tiveram dor de cabeça forte e 70% relataram
erupções na pele. “Isso é importante porque mostra os fatores de risco
para que a mãe tenha filhos com problemas oculares. O mais importante
deles é a infecção no começo da gravidez”, disse o cientista.
Segundo
Belfort Júnior, nenhuma das mães apresentou problemas oculares. “A
doença é apenas do feto”, declarou. O pesquisador explicou que nos
próximos estudos o grupo verificará a possibilidade de que crianças com
zika possam ter lesões oculares de forma independente da lesão
neurológica. “Por enquanto, todas as crianças que vimos com lesões
oculares têm lesão neurológica.”
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