Mais de três denúncias de violência sexual contra
crianças e adolescentes foram registradas por dia na Bahia, segundo
informações do Ministério Público do Estado (MP-BA). A média é referente
aos quatro primeiros meses deste ano, que contabiliza 441 denúncias de
abuso ou exploração sexual contra crianças e adolescentes. Segundo o MP-BA, os crimes na maioria das vezes são cometidos por parentes ou pessoas próximas aos menores.
Um
homem que não quis se identificar contou que a filha dele, de 13 anos,
foi estuprada dentro de casa por um vizinho de 18 anos. "Foi
uma coisa que saiu de uma pessoa que a gente menos esperava. Um
vizinho, conhecido da família, entra e sai da casa. Isso desabou",
relatou o homem. Um raio x do perfil dos menores vítimas da violência demonstra que 54% das vítimas são meninas.
A faixa etária mais atingida é a dos 4 aos 11 anos (40%). "A
criança estabelece uma relação de confiança com o agressor e por isso,
no caráter da vulnerabilidade, ela acaba sendo violentada. Nós
utilizamos a Lei Maria da Penha, requeremos ao Poder Juduciário a
aplicação dessas medidas e afastamos o agressor de ter contato com essa
menina", explica a promotora de Justiça, Ana Bernadete.
Em
25 anos, o Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca) presta
assistência psicológica e jurídica às vítimas de violência e abuso
sexual. Há 16 anos, o centro criou o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à
Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, celebrado nesta
quarta-feira (18).
"Há mais denúcias porque
tem mais campanha. Essa questão que vivia escondida, hoje em dia ela é
colocada para fora", disse o coordenador executivo do Cedeca, Valdemar
Oliveira. "Não há um só programa de governo voltado para enfrentar a
questão da exploração sexual. Nossas adolescentes continuam sendo
exploradas, talvez em menor escala, mas continuam sendo exploradas",
acrescentou.
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