É difícil encontrar alguém que não goste de
esporte, não é mesmo? Já parou para pensar que além da diversão ou
exercício, o esporte tem um papel social importante? Essa questão vem
mais ainda à tona quando estamos falando dos portadores de deficiência
física. Para eles, a prática esportiva faz parte de um processo de
reabilitação que está cada vez mais disseminado no Brasil.
A
prática esportiva para os deficientes é fundamental no aumento da
força, agilidade, coordenação motora, equilíbrio e no aspecto
psicológico, já que influencia diretamente na autoestima e confiança do
atleta sobre si. A partir daí, o indivíduo compreende suas limitações e
aprende a superá-las, potencializando suas virtudes.
De
acordo com os dados baseados nas famílias cadastradas no Sistema de
Informação da Atenção Básica (SIAB) do Ministério da Saúde, só na Bahia,
são 147.786 casos de deficiência física. Além da dificuldade imposta
pela vida, esses atletas enfrentam graves problemas estruturais. Isso
porquê eles necessitam de um espaço adaptado e específico para
desenvolver suas técnicas, além de especialistas capacitados na área,
para que os auxiliem nos treinamentos e preparações.
O
paratleta da natação Ronaldo Santos comentou sobre sua deficiência e a
dificuldade dos atletas na Bahia: “Eu tive paralisia infantil aos 6
meses de idade e acometeu meus membros inferiores. Desde então eu venho
me virando com ela”, afirmou ao Varela Notícias. “A principal
dificuldade do deficiente na Bahia é o apoio. O atleta em si tem muita
dificuldade. O [atleta] paraolímpico fica mais difícil ainda. Não tem
mídia, não tem reconhecimento. Para você ter uma ideia, já tem uns 6 a 7
anos que não tenho um patrocínio. Até pouco tempo não tínhamos piscina,
ainda mais profissionais capacitados para trabalhar com essa galera”,
completou o paratleta medalhista em pan-americanos e mundiais.
O
nadador afirma que, apesar de existir um incentivo do governo, somente
ele não basta para participar de todas as competições: “É repassado no
caso do atleta ser ranqueado. Tem várias categorias. Aí você recebe uma
bolsa mensalmente. Mas se for para você estar participando de todas as
competições, a bolsa não dá nem para começar. É um valor quase que
irrisório. Mas, ruim com ela, pior sem ela”.
Como começar
Se
você conhece alguém com deficiência física que quer iniciar no esporte,
saiba que existem algumas opções. A escolinha da SUDESB, que oferece
natação para crianças e adolescentes, é uma delas. Uma outra, é um
projeto da Fundação José Silveira (FJS), apoiado e supervisionado pela
SUDESB, com vagas limitadas, que oferece aulas duas vezes na semana.
Esse
segundo projeto oferece aulas nas modalidades de natação, basquete,
futebol de 7, capoeira, karatê, tênis, ginástica e bocha, para crianças a
partir de 5 anos, sem limite de idade. Essa iniciativa acontece no
Instituto Baiano de Reabilitação (IBR) na Ondina e no Centro Pestalozzi
de Reabilitação, na Ribeira.
A psicóloga do
esporte Verena Freire afirma que é preciso de um acompanhamento de um
profissional especializado para auxiliar o atleta durante o processo: “O
psicólogo e a psicologia vão poder apoiá-lo nas decisões corriqueiras
do esporte, como a melhora no desempenho, superação de obstáculos,
alcançar metas pré-estabelecidas”, afirma.
No
caso específico dos atletas que são deficientes físicos, Verena afirma
que o esporte é um estímulo para a pessoa seguir em frente: “Muitas
vezes, o esporte traz um sentido a mais para a vida daquela pessoa.
Principalmente se for uma pessoa que tenha sofrido algum acidente,
alguma lesão inesperada que deixou uma limitação que ela não tinha
antes. Para mantê-la motivada, mantê-la lutando, esse apoio da
psicologia acaba sendo muito importante”, acredita ela.
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