Mulheres ficam lesionadas após aplicação de enzima para emagrecer



Pelo menos 13 mulheres registraram boletim de ocorrência contra uma esteticista de Porto Velho após um tratamento estético que causou lesões na barriga, pernas e costas das pacientes. As aplicações da enzima conhecida como Hyalosima causaram problemas colaterais em pelo menos 21 mulheres que buscavam emagrecer. A clínica onde eram realizadas as sessões não possuía alvará e foi interditada pela Vigilância Sanitária. De acordo com o delegado que acompanha o caso, a primeira ocorrência foi registrada em maio, mas somente na última segunda-feira (13), foram realizadas vistorias no local. Segundo as mulheres, as aplicações ocorreram em abril deste ano, mas somente na última segunda-feira (13) a esteticista foi ouvida pela Delegacia Especializada em Crimes contra o Consumidor (Deccon). De acordo com o delegado titular da Deccon, Márcio Reis Maia, a dona da clínica descartou os recipientes onde a enzima era armazenada antes que fosse coletada uma amostra para análise. A jovem Karoline dos Santos, de 23 anos, e a sua mãe de Valda Mota, de 50 anos, já haviam feito um tratamento na clínica, mas não haviam tido nenhum efeito colateral até abril deste ano. Após as aplicações as duas mulheres tiveram dores de cabeça, náuseas, cansaço e lesões nas costas, barriga e pernas. "Nós chegamos à clínica em dezembro de 2015, após uma amiga indicar o tratamento, mas não tive lesão, consegui emagrecer conforme a mulher que aplicou prometia. Mas, em abril deste ano resolvi fazer o tratamento de novo, pois a esteticista disse que havia trocado o produto para que ele tivesse um resultado mais rápido", disse Karoline. Após as aplicações feitas pela dona da clínica, Karoline e Valda começaram a ter feridas onde a aplicação da enzima havia sido feita. "Em 20 dias as lesões apareceram, começaram a ter secreção, os efeitos começaram a aparecer. Procuramos a esteticista, mas ela afirmava que era normal, dizia para fazermos compressa e nos deu antibiótico, mas o ferimento não sarava", declarou Karoline. Depois de meses da aplicação, as duas mulheres conheceram mais 19 pessoas que haviam feito o procedimento estético e também ficaram lesionadas. "Nos reunimos em um grupo na rede social para nos amparar. Pelo menos 13 já registraram ocorrência. Porém, outras oito que passam pelo mesmo problema preferem não procurar a delegacia, o que pode dificultar a investigação, pois nós queremos justiça. O que essa mulher fez com os nossos corpos não tem preço que pague", disse Valda. De acordo com o médico do Departamento de Vigilância e Fiscalização Sanitária (Dvisa) municipal Ernandes Dias Brito, o local de funcionamento da clínica não possuía alvará. "O local é insalubre e não deveria ser utilizado como uma clínica de estética. Embora a mãe da proprietária possua inscrição na Junta Comercial, o local nunca foi fiscalizado ou possuiu autorização da Dvisa", explicou Brito. Conforme o médico, as 21 mulheres feridas ainda não iniciaram um tratamento específico, já que a microbactéria que causou a reação ainda não foi identificada. "Amostras das pacientes foram encaminhadas pelo Laboratório Central de Saúde Pública de Rondônia (Lacen) para uma clínica de São Paulo que após verificação nos informará qual é o medicamento específico para tratar as vítimas", informou Brito. Conforme o delegado, a primeira ocorrência foi registrada em maio, mas somente na última segunda-feira (13), que a Dccon e o Dvisa foram até ao local onde funcionava a clínica de estética. "Após sabermos da denúncia, acionamos a Dvisa que fiscalizou para sabermos se o local era insalubre. Mas quando chegamos o local já estava desativado", explicou Maia. Segundo o delegado, a proprietária do estabelecimento já foi ouvida, mas não foi presa, pois a clínica não está em funcionamento. "A mulher prestou declarações, no mesmo dia que fomos a clínica, lá nós fizemos busca e apreensão. Um celular foi apreendido pela delegacia, para ajudar nas investigações", esclareceu Maia. Segundo o delegado Maia, a proprietária do estabelecimento responderá criminalmente. "Um inquérito foi aberto para a apuração das denúncias, a mulher responderá pelo crime de lesão corporal a cada uma das vítimas", afirma o delegado. Maia informou ainda que, a delegacia e o Lacen encontraram dificuldades para identificar a enzima aplicada. "A proprietária da clínica sumiu com todos os frascos onde foram armazenadas as enzimas, por isso as amostras foram levadas para um laboratório em São Paulo", informou Maia. As mulheres feridas também podem procurar os órgãos legais para reaverem seu dinheiro. O estabelecimento comercial é localizado na Zona Leste da cidade e está desativado. O G1 não conseguiu falar com a proprietária da clínica até o fim da publicação desta matéria.

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