O número de crianças e
adolescentes identificados em situação de trabalho infantil na Bahia
reduziu-se 78% na comparação de 2008 a 2015, segundo dados da
Superintendência Regional do Trabalho (SRTE-BA). Foram 316 identificadas
no ano passado contra 1.393 em 2008. Nesse período, o quantitativo de
crianças flagradas em fiscalizações da superintendência reduziu-se ano a
ano. No entanto, casos como o registrado em abril deste ano ainda são
alarmantes: 73 crianças e jovens foram flagrados em uma única ação na
Ceasa do Complexo Industrial de Aratu (CIA). Houve, em maio, 145
fiscalizações, mas a superintendência ainda não contabilizou o
quantitativo de flagrantes. Já o caso da Ceasa ainda está em curso.
Segundo o coordenador de fiscalização do combate ao trabalho infantil na
Bahia, Antônio Inocêncio, os jovens trabalhavam transportando frutas e
verduras com carrinhos de mão para consumidores e comerciantes. Eles
costumavam chegar ao local às 4h. "O problema é que as pessoas acham
normal contratar crianças para fazer esse tipo de trabalho. Ainda há uma
'naturalização' muito grande. Por isso nós precisamos alertar a
sociedade e chamar a atenção para o combate a este tipo de exploração",
disse Inocêncio, que participou nesta quarta-feira, 8, de um ato público
sobre o tema no Campo Grande. A ação integra um conjunto de atividades
realizadas por entidades como o Fórum Estadual de Prevenção e
Erradicação do Trabalho Infantil (Fetipa) para celebrar o Dia Mundial de
Combate ao Trabalho Infantil, celebrado no próximo domingo.
"O
trabalho é permitido a partir dos 16 anos, exceto na hipótese de jovem
aprendiz, que é a partir dos 14 anos", frisou o auditor fiscal. Ainda
segundo Inocêncio, a responsável pela Ceasa do CIA, a Superintendência
de Desenvolvimento Industrial e Comercial (Sudic), órgão ligado à
Secretaria de Desenvolvimento Econômico, tem que apresentar, nos
próximos dias, comprovação de que as crianças foram afastadas e
indenizadas pelos trabalhos prestados. A indenização, segundo Inocêncio,
está prevista na Instrução Normativa nº 102 da Secretaria de Inspeção
do Trabalho. "A Sudic foi, no mínimo, negligente por não tomar a atitude
para combater isso", acrescentou. Ela recebeu, à época, quatro autos de
infração por conta de irregularidades, como crianças com menos de 16
anos trabalhando e outras, de 16 a 17 anos incompletos, em atividades
consideradas as piores formas de trabalho infantil. Por meio de nota, a
Sudic informou que encaminhará um representante para a SRTE-BA para
"apresentar as ações previstas para solucionar as questões identificadas
durante a fiscalização ocorrida na Ceasa".
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