Com custos em alta e receitas em queda, as prefeituras baianas atravessam uma das crises financeiras mais desafiadoras, exigindo dos mandatários habilidade política e, principalmente, jogo de cintura, que não são as características mais fortes da maioria dos prefeitos, que acaba naufragando num descrédito popular.
Dentre as queixas mais frequentes dos mandatários está a falta de repasse de recursos do Governo Federal para o custeio de programas sociais. Com municípios enfrentando, além da crise, seca, queda de receitas, dívida previdenciária entre outros empecilhos à administração pública, prefeitos temem reflexos nas urnas.
Os problemas financeiros e administrativos, e a possibilidade de punições nos Tribunais de Contas e a explícita dificuldade para arrecadar fundos paras suas campanhas eleitorais tem levado prefeitos a optarem pela desistência. Em Itiruçu, Wagner Novaes (PSDB), eleito em 2012 para exercer o seu terceiro mandato, parece ter sentido na pele a dificuldade em administrar no tempo de vacas magras.
Sem em grandes feitos, vai findar o último mandato sem disputar à reeleição. E maio deste ano, Wagner reuniu aliados e anunciou que não irá candidatar-se. Em abril, o Tribunal de Contas da União havia rejeitado as contas do prefeito Wagner, referentes à 1ª etapa de construção do parque agropecuário da cidade.
Os contratos foram celebrados com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em um mandato anterior de Novaes à frente da Prefeitura entre os anos 2002 e 2003. O Tucano já tinha sido condenado em agosto de 2015 pela Justiça Federal por improbidade administrativa pelo mesmo fato, a construção do parque agropecuário.
A vice-prefeita Rita Novaes (PSL) deverá ser a pré-candidata apoiada pelo tucano. Em Planalino, no seu primeiro mandato como chefe do Executivo, o pecuarista Carlos Nascimento – Carlinhos (PCdoB), desde quando assumiu a Prefeitura tem revelado insatisfação. Em contato com o Blog Marcos Frahm, Carlinhos disse que, ao assumir o cargo, o prefeito ver os planos ir por água abaixo, diante da crise, sem conseguir corresponder as expectativas.
Carlos não será candidato e ainda não decidiu quem lhe representará nas eleições. O comunista afirmou que precisou demitir funcionários, também fazendo cortes na Saúde, para tocar a gestão. No último dia 10 de junho, foi a vez de Fábio Cristiano (PT), de Ubaíra, também no primeiro mandato, divulgar carta aberta a população desistindo da sucessão municipal.
Na carta, o petista ressaltou que na sua gestão prevaleceu o respeito ”a diversidade, o combate à discriminação, perseguição, vingança ao cidadão ubairense e principalmente ao servidor efetivo”. Que deixará a Prefeitura com as finanças equilibradas, mas que a crise econômico-financeira que assola o país seria a principal motivação de desistir da reeleição. Fábio ainda não declarou, publicamente, quem será o pré-candidato da base governista.
A mesma decisão foi tomada pelo primo de Fábio, Zé Afrânio (PCdoB), de Santa Inês, a cerca de 20 km de Ubaíra. Afrânio em carta aberta à população e endereçada ao Blog Marcos Frahm, no dia 30 de junho, surpreendeu seus correligionários ao anunciar que não vai concorrer ao pleito em outubro.
Na carta ele relatou os motivos que o levaram a tomar a decisão, revelando que, após uma difícil, porém consciente decisão, discutida exaustivamente junto com os seus familiares, amigos e correligionários estaria tornando pública a decisão de que não irá submeter o seu meu nome ao veredicto popular, na condição de candidato à reeleição. Fez questão de afirmar que seu governo foi marcado pela transparência, que empreendeu esforços para governar Santa Inês, mas que as dificuldades financeiras enfrentadas pela gestão teriam lhe deixado desmotivado.
O prefeito não irá lançar candidato à sucessão. E os desistentes representam outras regiões. Em Santa Terezinha, no Piemonte do Paraguaçu, Ailton Oliveira (PT), não vai para a disputa nas urnas. O ponto determinante, também é a crise. Nas duas principais cidades da região Sul da Bahia, Itabuna e Ilhéus, os gestores trilham o mesmo caminho, da desistência.
Vane do Renascer (PRB), de Itabuna, declarou ainda em 2015 que está fora do páreo nas eleições. Ontem, quarta-feira (6/7), Jabes Ribeiro (PP), de Ilhéus, confirmou sua desistência durante entrevista coletiva e anunciou que ficará afastado do cargo por mais 15 dias por motivos de saúde. O atual vice-prefeito Cacá Colchões, também do PP, será o pré-candidato da base.
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