Um projeto de lei em discussão no Parlamento da
Itália defende condenar à prisão pais que imponham uma dieta vegana aos
filhos. De acordo com a proposta - de autoria do partido de centro
direita Forza Italia e ainda não votada -, esse tipo de dieta "é
desprovido de elementos essenciais para a saúde e o crescimento
equilibrado das crianças". Pela proposta, pais que não cumprirem com a
regra poderiam ser condenados a 12 meses de prisão, que podem chegar a
quatro anos caso a criança sofra de doença ou lesão permanente e a seis
anos em caso de morte. A medida foi apresentada depois de quatro casos
de má nutrição infantil terem resultado, no último ano e meio, na
hospitalização de crianças italianas que seguiam dieta vegana. Ao mesmo
tempo, vários órgãos, como a Associação Americana de Nutrição, afirmam
que as dietas veganas são apropriadas para crianças, desde que sejam
tomados cuidados para garantir que elas recebam uma ampla variedade de
nutrientes necessários, especialmente a vitamina B12. Alguns médicos
acreditam que os pais de algumas das crianças que foram hospitalizadas
podem não ter entendido como complementar uma dieta vegana de modo
seguro. Segundo a agência Reuters, o projeto de lei será discutido por
comitês parlamentares antes de ir a plenário, o que deve acontecer ainda
neste ano. Nesse período, outros três projetos rivais estão em
discussão - todos propõem tornar opções veganas e vegetarianas mais
comuns nas cantinas italianas. Na introdução do projeto de lei, Elvira
Savino, autora do texto, critica a propagação, na Itália, da ideia de
que as dietas vegana e vegetarianas trazem "benefícios significativos à
saúde". "Não há objeção se a pessoa que faz essa escolha é um adulto
informado. O problema surge quando há crianças envolvidas. A dieta
vegana é, de fato, deficiente em zinco, ferro, vitamina D, vitamina B12 e
ômega 3", diz o texto. O projeto visa, segundo ela, "estigmatizar o
comportamento alimentar imprudente e perigoso imposto pelos pais" que
buscam uma dieta vegana "em detrimento das crianças". Enquanto alguns
especialistas em nutrição desafiam a validade do projeto de lei, outros
são cautelosos sobre o vocabulário impreciso usado no texto, que pode
ser usado para penalizar uma gama muito maior de pais: não apenas os
vegetarianos e veganos, mas também os de crianças obesas, por exemplo.
Outros afirmam que uma educação pública mais eficaz sobre saúde seria
mais eficiente do que medidas punitivas para melhorar a nutrição das
crianças. A Sociedade Vegetariana Brasileira argumenta, por sua vez, que
"quando a dieta vegetariana é seguida no longo prazo, reduzimos as
taxas de mortalidade de doenças cardiovasculares, diabetes, câncer e
obesidade, que são fatores que colocam a qualidade e expectativa de vida
em risco". A organização também afirma que nutrientes como ômega-3 e
ferro estão presentes em alimentos da dieta vegana, compensando sua
ausência de origem animal.
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