Em todo o país, os problemas do aparelho circulatório, como enfarte e AVC, ainda são os responsáveis pela maioria dos óbitos, mas o número de vítimas dos tumores cresce em maior velocidade. Em 2014, as doenças cardiovasculares mataram 340.284 pessoas no país, 36% a mais do que há 20 anos, quando 249.613 foram vítimas do problema.
Já os óbitos por câncer passaram de 103.408 para 201.968 no mesmo período, alta de 95%. Para Maria Paula Curado, coordenadora de epidemiologia do A. C. Camargo Cancer Center, o aumento da expectativa de vida da população nos últimos anos, somado ao surgimento de medicamentos e terapias de controle para doenças que antes matavam mais brasileiros, explica o crescimento da doença.
"Do começo do século 20 até os anos 50, 60, as doenças infecciosas, como a tuberculose, eram as principais causas de morte. Vieram, então, as vacinas e os antibióticos e essas mortes despencaram. Aumentaram as doenças crônicas, que podem provocar enfarte e AVC, e essa passou a ser a maior causa de morte no país".
Segundo ela, nos últimos anos, "os tratamentos para esses casos também vêm evoluindo". "Antes, portanto, as pessoas morriam muito jovens, não tinham tempo de ter câncer porque essa é uma doença muito ligada ao envelhecimento", ressalta Maria Paula.
A médica diz que, embora alguns tipos de tumor possam aparecer em jovens, o envelhecimento é um grande fator de risco de mutações que levam ao câncer. "Nosso corpo tem um mecanismo de defesa, um gene reparador que pode bloquear o tumor. Quando as células envelhecem, elas não conseguem reparar essa agressão tão rapidamente, o gene torna-se menos eficiente e o tumor cresce".
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