Na contramão da maioria dos estados brasileiros, que
mostraram péssimos resultados na avaliação do Índice de Desenvolvimento
da Educação Básica (Ideb) divulgada esta semana, o Ceará bateu todas as
metas propostas há dois anos. Nos seus 185 municípios, entre mais de 5
000 avaliados, as notas de português e matemática de todos os alunos do
1º ao 5º ano aumentaram, façanha espetacular em um país de educação tão
debilitada. A virada para o bom rendimento escolar começou em 2006, com a
criação do Programa de Alfabetização na Idade Certa (Paic). Graças a um
acordo entre estado e prefeituras, a formação dos professores da rede
pública se tornou responsabilidade do governo estadual, que também
oferece assessoria técnica aos municípios com baixos indicadores de
aprendizagem. O programa deu tão certo que, no ano passado, serviu de
base para a elaboração de um projeto para o país todo, o Pacto Nacional
pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC). Na base do avanço cearense
está a adoção da meritocracia em ampla escala. A cada ano, o estado
gasta cerca de 25 milhões de reais em premiações para as melhores
escolas e alunos. Além disso, desde 2007 o repasse aos municípios do
Imposto sobre Circulação de Mercadorias, o ICMS, está subordinado aos
resultados obtidos em educação, saúde e meio ambiente. Segundo o
secretário estadual de Educação, Idilvan Alencar, uma das maiores
preocupações do programa atualmente é melhor as escolas que estão no fim
da lista. “As cidades com notas mais baixas recebem atenção especial.
Incentivamos os coordenadores das boas escolas a visitar aquelas de
desempenho pior e participar de reuniões pedagógicas para repassar sua
experiência”, explica. O próximo passo do Paic cearense é investir nos
alunos do 6º ao 9º ano e, em paralelo, instituir o período integral no
ensino médio. Alencar garante que os recursos para esta empreitada, que
tem o ambicioso objetivo de atacar a parcela mais prejudicada do ensino
brasileiro, já estão reservados “É uma questão de organização e
prioridade. Sem investimento não há bons resultados”, diz. Para o
professor Claúdio Albuquerque, especialista em fundamentos da educação e
pró-reitor de graduação da Universidade Federal do Ceará (UFC) –
responsável pela elaboração das provas de diagnóstico até 2010 -, outra
importante mudança no cenário do estado foi a substituição de políticos
por técnicos nos cargos do setor. “Os secretários hoje são mestres e
doutores em educação. É uma mudança cultural, para a qual fizemos muita
pressão”, diz. Pelo jeito, está dando certo..
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