Um colírio desenvolvido por pesquisadores da
Unicamp em Campinas (SP) pode evitar que os cerca de 422 milhões de
diabéticos no mundo, sendo 16 milhões no Brasil, segundo cálculos da
Organização Mundial de Saúde (OMS), desenvolvam uma doença ocular que
pode levar à cegueira.
A retinopatia diabética, atualmente, só tem tratamentos invasivos, com o uso de laser, injeções e cirurgias. O
novo medicamento ainda está em fase de estudos com ratos de laboratório
e precisa ser testado em seres humanos. Mas, para isso, é preciso que
alguma indústria farmacêutica se interesse pelo produto, adquirindo a
patente, e banque as pesquisas.
“Essa
fase de estudos em humanos é muito cara e precisa envolver vários
centros de pesquisa. A primeira fase é feita em pessoas saudáveis para
saber se o colírio é seguro. A segunda fase é em pessoas com a doença
para saber se ele é eficiente em humanos.”, diz Jacqueline Mendonça
Lopes de Faria, da Faculdade de Ciências Médicas, uma das responsáveis
pela pesquisa.
Depois dessas fases ainda há
testes em grupo maiores, com milhares de pessoas, e por um período maior
de tempo. Com investimento nesses testes, o medicamento poderia ser
habilitado para ser colocado no mercado em cerca de cinco anos.
Estudos
Ela estuda a doença há 20 anos, mas foi em 2008 que começou com um grupo de oito pesquisadores a desenvolver o colírio. Primeiro
foram estudados os possíveis mecanismos para o tratamento. Depois
estudadas as substâncias que poderiam atuar para controlar a doença.
Após o grupo da FCM, se juntaram ao trabalho pesquisadores da Faculdade
de Engenharia Química (FEQ) da Unicamp.
Os
primeiros testes foram feitos em ratos de laboratório e, além de
resultados positivos no tratamento, não apresentaram reações adversas. O
principal desafio foi desenvolver um produto que conseguisse driblar as
barreiras oculares e chegar até a retina levando o princípio ativo.
Doença
A
retinopatia diabética afeta cerca de 40% dos diabéticos. As altas taxas
de glicemia degeneram a retina e, com o tempo, a visão pode ser
afetada. No início a doença é imperceptível, mas depois podem aparecer
manchas na visão e, em casos mais graves, ocorrência de edemas que podem
lavar à cegueira.
“O número de diabéticos
está aumentando muito no mundo, principalmente pela má alimentação e
falta de exercícios. Junto a isso, com os novos medicamentos e
tratamentos, quem tem a doença está vivendo mais. Por isso, as
complicações da retinopatia se tornam mais frequentes”, diz Jacqueline.
As
intervenções cirúrgicas, uso de injeções e laser para o tratamento
muitas vezes precisam ser repetidos, o que aumenta os riscos e as
sequelas aos pacientes. O colírio, além de não ser invasivo, pode ser
aplicado preventivamente, impedindo o desenvolvimento da doença.
Além
da retinopatia, há a possibilidade do colírio poder ser usado para o
tratamento de outros distúrbios oculares, como o glaucoma. Mas isso
ainda depende de novos testes e adaptações para os diferentes
tratamentos.
Empresas interessadas no
licenciamento da tecnologia podem entrar em contato com o Setor de
Parcerias da Agência de Inovação Inova Unicamp pelo e-mail
parcerias@inova.unicamp.br ou pelos telefones (19) 3521-2552 ou
3521-2607.
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