O andador causa mais acidentes que qualquer outro
produto voltado para bebês entre cinco e 15 meses. O alerta é da
Sociedade Baiana de Pediatria (Sobape), que, inclusive, não recomenda o
uso do equipamento. “Com ele a criança se movimenta em até um metro por
segundo. Sem noção de segurança, ela pode se bater na parede, algum
objeto pode travar a rodinha e tombar o equipamento”, explicou a
pediatra e membro da Sobape Denise Gantois. Segundo a médica, com o
equipamento a criança pode cair na escada, já que não consegue enxergar o
final do degrau. A médica afirma que a cada três crianças que usam
andador, uma tem traumatismo craniano. “O risco não é só da queda, ela
pode afogar-se na piscina e se queimar no fogão. Sair correndo, se bater
no eletrodoméstico e a panela quente cair sobre ela, por exemplo”,
esclareceu. A pediatra observou ainda que, a criança até um ano e meio
de idade não tem a caixa craniana firme e lesões na cabeça podem
ocasionar hemorragias cerebrais e morte. “Um terço das lesões cranianas
são graves”, observou. Ela contou que estudos comprovam que, com o uso
do andador, a criança demora mais para caminhar. “Há um atraso no
desenvolvimento psicomotor dos pequenos, pois eles criam aspecto
ilusório de dependência do produto para andar”, explanou. Denise Gantois
ressaltou que o andador é perigoso mesmo com a supervisão de um adulto e
que sua comercialização e uso deveriam serem proibidos no Brasil, assim
como é no Canadá. “Naquele país, o equipamento é proibido e se alguém
for pego usando paga multa e pode ser preso. Aqui também deveria ter uma
legislação neste sentido, visando diminuir os riscos que nossas
crianças correm com um produto tão perigoso”, afirmou. Segundo ela, o
Imetro já fez testes em várias marcas de andadores, mas nenhuma foi
aprovada. “Trata-se de uma briga comercial grande, porém é preciso olhar
o bem estar da criança sempre”, afirmou. A estudante de Direito
Gabriele Araújo informou que adotou o equipamento com sua filha, Maria
Catharina, de 9 meses, porque não sabia dos riscos. “Achei que com o
andador ela andaria mais rápido, porém não me atentei para os riscos
dessa ação. Vou encaixotar o produto e preservar a segurança e
desenvolvimento da minha filha”, declarou. Ela disse ainda que já tinha
observado que a menina andava de forma rápida no equipamento, mas não
tinha noção da velocidade. A pediatra Maria de Lourdes Santiago Costa
Leitte também não aprova o produto. “Além fraturas, a criança fica
condicionada a andar com apoio e de forma errada, podendo ocasionar o
encurtamento do tendão da perna e a diminuição do retorno venoso da
musculatura”, explicou. Maria de Lourdes sugere que ao invés de andador,
os pais utilizem colchões e tapetes para que a crianças se exercitem de
forma segura.
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