Para pagar mais barato nas ligações de celular,
muitos brasileiros costumam ter mais de um chip no mesmo aparelho, ou
usar vários aparelhos. Assim, é possível ligar para o número de uma
mesma operadora pagando menos e, às vezes até de graça. Mas esse hábito
está mudando no país, porque o preço das ligações entre operadoras
diferentes vem sendo reduzido nos últimos anos. “Isso reduziu o fenômeno
do 'consumidor com todos os chips'. O motivo principal para ter os
chips de todas as operadoras era economizar. Com preços menores de
ligações para operadoras distintas, o consumidor percebeu que poderia
ter somente um chip. Com isso, temos a redução do número de linhas, pois
muitos planos pré-pagos estão sendo desativados”, explicou o
pesquisador em telecomunicações do Instituto Brasileiro de Defesa do
Consumidor (Idec), Rafael Zanatta, à Agência Brasil. Segundo a Agência
Nacional de Telecomunicações (Anatel), com preços menores para chamadas
entre operadoras diferentes, o mercado de múltiplos chips perdeu espaço,
gerando cancelamentos dos consumidores que possuíam linhas móveis de
diferentes prestadores. Entre outubro de 2015 e outubro deste ano, foram
desligadas 26,3 milhões de linhas de celulares no país, uma queda de
9,62%. Só entre setembro e outubro de 2016, a queda foi de 3,5 milhões
de linhas. Atualmente, o país tem 247,4 milhões de linhas de celulares
ativas. A queda maior foi na modalidade pré-paga. Em outubro do ano
passado, 73,5% do total de clientes de celulares tinham linhas pré-pagas
e, em outubro deste ano o percentual passou para 68,75%. A Anatel
também aponta a desaceleração da economia como um dos motivos do
encolhimento da base de acessos móveis.
Mudança de hábito
Outro
fator apontado para a queda no número de celulares no país é a mudança
na forma de comunicação dos brasileiros, que estão deixando de usar o
telefone para falar e usando mais aplicativos de troca de mensagens. “As
pessoas estão escrevendo mais do que falando. Preferem aplicações como
WhatsApp e Telegram, pois são práticas e permitem uma comunicação mais
fluida”, diz Zanatta. Segundo ele, os consumidores perceberam que
precisam de apenas um telefone celular com um bom pacote de dados de
conexão. “Todo usuário de WhatsApp precisa da internet como suporte. As
pessoas querem conexão a todo momento”, diz.
Impostos
As
operadoras de telefonia apontam ainda outro motivo para a queda no
número de linhas de celulares ativas no último ano: o aumento de
impostos sobre o setor de telecomunicações em alguns estados. Segundo o
diretor-executivo do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de
Serviço Móvel Celular e Pessoal (SindiTelebrasil), Eduardo Levy, 12
estados aumentaram o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
(ICMS) sobre a telefonia em 2016. “Na medida em que você aumenta o
imposto sobre a voz, você vai empurrando a população para os serviços de
texto que não pagam imposto nenhum. É um contrassenso o que os estados
estão fazendo”, reclama Levy. (AgenciaBrasil)
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