Durante seminário realizado em Sevilha, na
Espanha, a ex-presidente da República Dilma Rousseff (PT) denunciou o
“golpe” que sofreu no Brasil e dirigiu críticas à Operação Lava Jato.
Ela usou o discurso no seminário internacional “Capitalismo Neoliberal,
Democracia Sobrante” para defender a candidatura do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, apontando que há uma tentativa de inviabilizar o
petista via condenação judicial.
A Operação
Lava Jato, afirmou Dilma, usa o combate à corrupção como instrumento de
luta política ideológica. “Há um desequilíbrio sistêmico entre os
poderes, quando um poder desrespeita o outro, em decisões judiciais que
se reivindica a justiça por medidas excepcionais alegando que para
processo de investigação excepcional há que se ter medidas
excepcionais.”
A ex-presidente afirmou que o
recurso é usado pela força-tarefa da Lava Jato, dizendo que um
procurador acusou o ex-presidente Lula sem provas, mas com convicção.
“Isso é muito grave”, disse. “Se é possível um impeachment contra uma
presidente sem crime de responsabilidade, então o cidadão comum também
pode ser objeto de acusações sem base de fato em crime”, emendou.
Nas
investigações, acrescentou, há interesses “iminentemente escusos em
querer inviabilizar empresas”. “Não digo que toda investigação seja
assim, mas não pode ser assim. Digo que não se pode combater a corrupção
como instrumento político de destruição do que eles consideram como
inimigo. Um réu é um inimigo e um inimigo se destrói. A justiça do
inimigo não se pode aplicar em países democráticos”.
Governo Temer
A
petista acusou o PMDB, do presidente Michel Temer, de “usurpador”, e o
PSDB de “grande concebedor do golpe”. Comentando o governo peemedebista,
Dilma criticou o teto de gastos e disse que a medida congelará os
gastos públicos, inclusive saúde e educação, por 20 anos.
A
ex-presidente contrariou também a reforma da Previdência e a proposta
de flexibilização das leis trabalhistas apresentadas por Temer. Fazer
com que uma pessoa contribua 49 anos para se aposentar integralmente,
disse Dilma, é uma “tragédia”.
Eleições
Falando
que o Brasil caminha hoje para um futuro incerto, Dilma disse que 2018,
ano de eleições presidenciais, vai trazer de volta a democracia ao
Brasil. Ela defendeu a candidatura do ex-presidente Lula falando que há
“grande possibilidade” de ele ser eleito. “Para
os golpistas, ele é um grande perigo”, comentou Dilma, afirmando que
tentam inviabilizá-lo de disputar eleições com uma condenação.
Mais
cedo, em entrevista, Dilma afirmou que não será mais candidata à
presidente da República e que o candidato será Lula. Para a
ex-presidente, querem inviabilizar até mesmo as eleições diretas de
2018. A tentativa é realizar eleições indiretas, o que chamou de “o
golpe dentro do golpe”.
Sobre uma eleição
indireta no Congresso Nacional, a petista comentou que “essa hipótese é
mais longínqua. “Hoje eu acredito que é mais longínqua.” A
campanha de Dilma e Temer em 2014 é alvo de investigação no Tribunal
Superior Eleitoral (TSE), processo que pode levar à cassação da chapa e à
retirada de Temer do poder, convocando eleições indiretas via Congresso
Nacional.
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