A desvinculação das pensões por morte do salário
mínimo, proposta na reforma da Previdência de Michel Temer, deve atingir
mais da metade dos beneficiários do sistema, número próximo de quatro
milhões de pessoas. O levantamento e as informações são do Valor. Cerca de 55% dos 7,41 milhões de pensionistas ganham até um salário mínimo.
Com
a mudança, podem passar a ganhar menos do que a remuneração mínima em
vigor no país. A tendência é que o valor seja corrigido pela inflação,
mas o aumento poderá deixar de ser anual, como atualmente é praticado na
correção do Bolsa Família. Com isso, a elevação do benefício passará a ser feita conforme a margem fiscal do governo federal.
Para
os novos pensionistas, o valor mínimo da pensão deixará de ser o mesmo
que o salário mínimo porque a reforma propõe a divisão do benefício em
uma cota familiar de 50% e distribuição do restante entre os dependentes
na proporção de 10% para cada um até o limite de 100%, explica Arnaldo
Lima, diretor do Departamento de Assuntos Fiscais e Sociais do
Ministério do Planejamento.
A
partir da aprovação da reforma, o governo vai editar um projeto de lei
para definir como será o reajuste desses benefícios, que deixarão de
acompanhar o piso salarial. A
reforma acaba com a pensão integral para quem perder o cônjuge, criando
situações na qual uma viúva, sem filhos, pode acabar recebendo apenas
60% do salário mínimo. Hoje, ela receberia um mínimo.
A
regra da cota familiar, assim como o fim do acúmulo de benefício,
atingirá apenas novos pensionistas. Porém, a desvinculação do reajuste
do mínimo com o estabelecimento de um novo índice de reajuste para as
pensões acabará pegando todos os beneficiários. Informações Brasil 247
"Vai
dar um valor baseado na composição familiar. Quem tem mais filhos vai
receber mais. Como nosso piso será de 60%, ele já está acima das
melhores práticas internacionais. Na grande maioria das vezes, o
benefício estará próximo do salário mínimo", disse Lima.
A
retirada de cena do salário mínimo como indexador e piso das pensões
cria a situação na qual, para receber esse valor, a família precisa ter,
além da mãe (ou pai), quatro filhos, por conta da definição de
adicional de 10% por dependente. Segundo Lima, a mudança na regra vai,
na verdade, elevar a progressividade do sistema."
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