O novo prefeito do município de Itabela, no
extremo sul da Bahia, decretou situação de emergência após assumir a
gestão e afirmar que recebeu a administração pública com graves
problemas, principalmente nas áreas da Saúde e Educação. O decreto
permite que, em um período de três meses, a gestão faça compras, obras e
contrate de serviços sem licitação.
Luciano
Francisquetto, que assumiu a prefeitura no dia 1º de janeiro deste ano,
disse que encontrou na unidade pastas vazias e computadores sem
informações. Ele diz que não foram
encontrados relatórios ou documentos sobre a gestão anterior, inclusive
nas secretarias. "Esse decreto pode durar até 90 dias, mas também pode
acabar antes", destaca Francisquetto.
Dentro
da prefeitura, a reportagem encontrou salas com mofo e infiltrações nas
paredes, fiação exposta e piso danificado. No Hospital Municipal Frei
Ricardo, também foram identificadas infiltrações por todos os lados,
macas e camas enferrujadas. Em uma das enfermarias, o forro do teto
cedeu e os vidros foram quebrados por vândalos.
Na
sala de parto do hospital mais sinais do descaso. O equipamento de foco
usado pelos obstetras no momento da cirurgia está amarrado com um
pedaço de tecido para evitar que o refletor caia sobre as pacientes. O
berço aquecido, usado para bebês prematuros, não pode ser utilizado
porque o controle de temperatura não está funcionando.
Do
lado de fora, a caixa de gordura transbordou e o esgoto corre a céu
aberto. Nos fundos da unidade, uma fossa aberta foi encontrada. A
ambulância da prefeitura está parada há vários meses. O transporte dos
pacientes está sendo feito em outra ambulância, alugada depois da
assinatura do decreto.
"A prioridade nesse
momento é adequar a estrutura física, equipamentos e valorização de
profissional, porque não tínhamos", afirma a diretora geral da unidade,
Liliane Sossai.Na policlínica, a sala de esterilização dos instrumentos odontológicos foi interditada porque o teto está cedendo.
No
quintal, o mato alto e uma caixa d'água descoberta preocupam
funcionários. Três tiveram doenças transmitidas pelo Aedes Aegypti. "Eu
acredito que seja por causa desse descaso que a gente encontrou o
setor", defende a diretora da unidade, Arline Santos. Além
dos problemas na saúde, a Escola Augusto Costa, no bairro Bandeirantes,
foi interditada pela vigilância sanitária por causa de problemas no
banheiro e no sistema de esgoto.
"Foi
feito todo esse levantamento das escolas no geral. A gente vai tentar
com esse decreto priorizar as que mais necessitam", afirma a secretaria
de Educação, Christiany Grassi. O
ex-coordenador do gabinete, Jorge Leones, diz que a transição foi feita
até o dia 31 de dezembro e que o gabinete do prefeito foi entregue sem
pendências. Ele disse ainda que não pode responder pelas outras
secretarias.
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