Três municípios do sul da Bahia decretam emergência após transição de gestão

Ao menos três municípios do sul e extremo sul da Bahia decretaram situação de emergência por conta de problemas relacionados à transição de governo. As novas gestões das cidades de Itabuna, Guaratinga e Caravelas reclamam de acúmulo de lixo, além de graves problemas na administração pública, na infraestrutura das sedes das prefeituras e na área de saúde.
 
O decreto possibilita compras emergenciais sem licitação por 60 dias. A medida inclui compra de remédios, alimentos e outros materiais, além de reformas básicas. Em Itabuna, no sul do estado, a semana começou com muito lixo espalhado na cidade. A situação começou no dia 31 de dezembro, quando acabou o contrato com a empresa que fazia a coleta de lixo.
 
Por causa dessa situação, a prefeitura entrou com decreto de emergência. Com isso, a prefeitura contratou 10 caçambas que, juntas com as outras quatro que já possuía, foram usadas para iniciar a limpeza. O recolhimento do lixo no centro da cidade foi normalizado, mas em alguns bairros ainda há materiais acumulados desde o dia 31 de dezembro.
 
Guaratinga
Guaratinga já estava limpa na quinta-feira (5), mas nos primeiros dias do ano a cidade estava cheia de lixo. Os moradores relatam que o município ficou uma semana sem recolhimento. "Um cheiro insuportável na cidade, de animais mortos, urubus sobrevoando a cidade", disse o segurança Isaias Novaes. Além do problema do lixo, no primeiro dia de trabalho, os secretários disseram que encontraram os armários e gavetas das unidades vazios.
 
A maioria não teve acesso a documentos e arquivos referentes a relatórios, pagamentos dos funcionários e contratos feitos na gestão anterior. Os HDs da maioria dos computadores da prefeitura foram retirados. Para saber como está a situação econômica do município, o secretário de finanças diz que está procurando bancos, o Tribunal de Contas e até a Justiça.
 
"O nosso departamento jurídico vai acionar o ex-prefeito judicialmente e estaremos também procurando o Tribunal de Contas dos Municípios para tentar verificar se foram enviados alguns documentos necessários para a gestão atual", disse o secretário Dewar Silva.
 
O setor da saúde é um dos mais afetados. Várias ambulâncias estão deterioradas. No único hospital da cidade há sinais de infiltração por todos os lados e macas enferrujadas. Faltam colchões e até lençóis para os leitos. Há também enfermaria sem lâmpada. Por causa desses problemas, o hospital que tem capacidade para internar 32 pessoas, só está disponibilizando nove leitos para internação e todos estão ocupados.
 
"Não significa que vou ficar 60 dias em emergência. É até que o processo licitatório seja resolvido", diz a atual prefeita, Chistine Pinto.
 
O ex-prefeito de Guaratinga, Kenoel Viana, informou que fez a transição de governo por meio de uma comissão, que passou as informações necessárias. Ele explicou que os contratos e documentos estavam em um sistema de informática contratado na gestão dele e que, como o novo governo tem outro sistema, poderia estar havendo uma incompatibilidade para encontrar os arquivos.
 
Sobre o hospital, Kenoel Viana disse que captou recursos para uma reforma, mas que o dinheiro só teria caído na conta da prefeitura em dezembro, quando a gestão já estava acabando. Ele afirmou que deixou o hospital abastecido de remédios. O ex-prefeito disse ainda que a coleta de lixo foi feita até o dia 30 de dezembro, quando acabou o contrato com a empresa que fazia o serviço, mas que sugeriu à nova gestão a prorrogação do contrato.
 
Caravelas
Em Caravelas, a situação é semelhante. Na sede da prefeitura, máquinas foram achadas no chão, porque as mesas desapareceram. No lugar do ar-condicionado, apenas um buraco. Segundo o atual prefeito do município, Sílvio Ramalho, até os HDs dos computadores foram levados. Ele diz que não sobrou nenhum registro da administração anterior.
 
"Tem um setor de tributação, por exemplo, que nós não temos como atender o contribuinte, porque nós não temos dados. Infelizmente, tem que começar do zero", disse. Uma força-tarefa foi montada para acelerar o início dos trabalhos na prefeitura. Além dessa situação, também foram acumulados muito lixo e entulho nas ruas.
 
Em alguns prédios públicos, como postos de saúde e Secretaria de Turismo e Cultura, foi preciso chamar um chaveiro para abrir as portas. O ex-prefeito de Caravelas, Jadson Ruas, negou ter deixado o município nessa situação. Ele disse que nada foi retirado da prefeitura e o atual prefeito terá que provar as acusações. Ele disse ainda que a coleta de lixo estava regular na cidade até o dia 31 de dezembro.
 
Sobre a unidade de saúde, Jadson disse que é terceirizada e que desconhece os problemas mostrados na reportagem. A prefeitura era responsável pelo pagamento dos médicos e contas. O ex-prefeito diz que tudo estava em dia. Afirmou ainda que nunca houve corte de energia na gestão dele.

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