Nos últimos dez anos, o Brasil aumentou o acesso
de parcelas mais vulneráveis da população à escola, de acordo com
levantamento do movimento Todos pela Educação (TPE). De 2005 a 2015, o
acesso daqueles que têm de 4 a 17 anos aumentou principalmente entre a
população parda e negra, entre os de baixa renda e entre moradores do
campo.
Os avanços foram maiores que os registrados entre brancos, ricos e moradores da cidade. O
levantamento foi feito com base nos dados da Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílio (Pnad). Entre os mais pobres, em 2005, 86,8%
estavam na escola, contra 97% dos mais ricos. Em 2015, esses índices
passaram, respectivamente, para 93,4% e 98,3%.
Entre
aqueles que moram no campo, o acesso subiu de 83,8% para 92,5%,
enquanto a taxa dos moradores de zonas urbanas passou de 90,9% para
94,6%. O crescimento do acesso entre negros e pardos - que passou,
respectivamente, de 87,8% para 92,3% e de 88,1% para 93,6% - foi maior
que o da população branca - que passou de 91,2% para 95,3%.
Na
avalição do movimento, há uma redução de desigualdade "importante,
embora não suficiente", pois mesmo que os indicadores tenham avançado,
ainda estão entre essas populações as maiores concentrações de crianças e
jovens fora da escola. "São aqueles que mais precisam da educação para
superar a exclusão e a pobreza. Muitos são crianças e jovens com
deficiência e moradores de lugares ermos. Muitos têm gerações na família
que nunca pisaram na escola", diz a presidente executiva do Todos pela
Educação, Priscila Cruz.
Por lei, todas as
crianças e jovens de 4 a 17 anos devem estar matriculados na escola.
Pela Emenda Constitucional 59 de 2009, incorporada no Plano Nacional de
Educação (PNE), lei sancionado em 2014, o Brasil teria que universalizar
o atendimento até 2016.
Universalização
Os
dados de 2015 mostram que o país tem 2.486.245 crianças e jovens de 4 a
17 anos fora da escola. A maior parte tem de 15 a 17 anos, são
1.543.713 jovens que não frequentam as salas de aula. O maior avanço dos últimos dez anos se deu entre os mais novos. Em 2005, 72,5% das crianças com 4 e 5 anos estavam na escola.
Esse percentual passou para 90,5% em 2015. Entre aqueles com idade
entre 15 e 17 anos, o percentual passou de 78,8% para 82,6% no mesmo
período. A faixa de 6 a 14 anos é tida como universalizada, atualmente
98,5% estão na escola. No entanto, isso ainda significa dizer que há 430
mil adolescentes nessa faixa etária fora da escola.
"Temos
que tomar cuidado quando se diz que estamos quase universalizando. Esse
discurso tirou pressão nos governos", diz Priscila. "É a questão que
mais deveria envergonhar os brasileiros, saber que temos 2,5 milhões de
crianças e jovens fora da escola em pleno século 21".
O
TPE estabeleceu, em 2006, metas para melhorar a educação até 2022, ano
do bicentenário da independência do Brasil. A primeira delas é a
matrícula de pelo menos 98% das crianças e jovens de 4 a 17 anos na
escola. Para chegar a esse percentual, a entidade estabeleceu metas
intermediárias. Para 2015, a meta traçada era que o país tivesse
incluído 96,3%, índice superior à taxa atual de 94,2%.
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