O principal grupo de oposição ao governador Rui
Costa (PT) terá muito trabalho para se reorganizar após o resultado
eleitoral das urnas na Bahia. Não apenas pelo resultado pífio do
candidato Zé Ronaldo (DEM), mas também pela retração das bancadas
ligadas ao grupo na Câmara dos Deputados e na Assembleia Legislativa da
Bahia (AL-BA), segundo comentário do RBN Digital desta terça (16).
Além da perda de mandatos de caciques como José Carlos Aleluia (DEM), Benito Gama (PTB) e Antonio Imbassahy (PSDB). São diversos fatores que podem levar ao questionamento da liderança de ACM Neto (DEM), principal expoente desse agrupamento. O prefeito de Salvador não pode se considerar inteiramente derrotado nas eleições de 2018.
ACM Neto conseguiu eleger João Roma deputado federal. Roma era uma aposta pessoal de Neto, apesar de estar no PRB, e uma derrota do pernambucano seria uma pá de cal para o desempenho político do também presidente nacional do DEM. Ainda que possa ter respirado um pouco com o resultado de Roma, ACM Neto saiu fragilizado das urnas. O desgaste, todavia, foi iniciado em abril, quando desistiu de ser candidato ao governo.
Sem uma candidatura competitiva ao Executivo, o grupo acabou minguando e, para uma parcela generosa dos políticos, a culpa recai sobre o prefeito, que preferiu permanecer no cargo ao invés de se sacrificar para manter a base unida. Rui era um páreo duro e os mais de 75% dos votos indicam que a derrota do adversário dele aconteceria independente de quem fosse o adversário.
No cenário de devaneios possíveis, ACM Neto poderia até representar um risco à reeleição do petista, mas ainda assim dificilmente bateria Rui nas urnas. Provavelmente essa foi uma das razões que levou o gestor de Salvador a permanecer no posto.
Mesmo que tenha pesado bastante o resultado político dessa decisão, ACM Neto possivelmente não contava com o esfacelamento do seu arco de alianças ainda antes das urnas se abrirem. Foram sucessivos desgastes, como a formação da chapa majoritária, a fragmentação das chapas proporcionais e o anúncio de apoio a Jair Bolsonaro por Zé Ronaldo antes do primeiro turno.
Essa sinalização do candidato do DEM, inclusive, pareceu um aceno do dirigente do partido para o apoio no segundo turno, confirmado pelo próprio ACM Neto na última semana. No entanto, está longe de ser uma “tábua de salvação”, como chegaram a ironizar adversários.
Porém a associação entre ACM Neto e Bolsonaro é muito mais pragmática do que programática e os riscos devem ter sido milimetricamente medidos. Uma coisa é certa: ACM Neto saiu menor das eleições de 2018. E precisa arrumar os farrapos restantes do seu grupo político para manter vigor nas urnas em 2020 e, consequentemente, se capitalizar para então disputar o Palácio de Ondina, dois anos depois.
Do contrário, o arco liderado pelo PT pode engolir de maneira definitiva o resquício de oposição que ameaçou ser soerguido após 2016. Este texto integra o comentário desta terça-feira (16) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios Excelsior, Irecê Líder FM, Clube FM e RB FM. Por Fernando Duarte
Além da perda de mandatos de caciques como José Carlos Aleluia (DEM), Benito Gama (PTB) e Antonio Imbassahy (PSDB). São diversos fatores que podem levar ao questionamento da liderança de ACM Neto (DEM), principal expoente desse agrupamento. O prefeito de Salvador não pode se considerar inteiramente derrotado nas eleições de 2018.
ACM Neto conseguiu eleger João Roma deputado federal. Roma era uma aposta pessoal de Neto, apesar de estar no PRB, e uma derrota do pernambucano seria uma pá de cal para o desempenho político do também presidente nacional do DEM. Ainda que possa ter respirado um pouco com o resultado de Roma, ACM Neto saiu fragilizado das urnas. O desgaste, todavia, foi iniciado em abril, quando desistiu de ser candidato ao governo.
Sem uma candidatura competitiva ao Executivo, o grupo acabou minguando e, para uma parcela generosa dos políticos, a culpa recai sobre o prefeito, que preferiu permanecer no cargo ao invés de se sacrificar para manter a base unida. Rui era um páreo duro e os mais de 75% dos votos indicam que a derrota do adversário dele aconteceria independente de quem fosse o adversário.
No cenário de devaneios possíveis, ACM Neto poderia até representar um risco à reeleição do petista, mas ainda assim dificilmente bateria Rui nas urnas. Provavelmente essa foi uma das razões que levou o gestor de Salvador a permanecer no posto.
Mesmo que tenha pesado bastante o resultado político dessa decisão, ACM Neto possivelmente não contava com o esfacelamento do seu arco de alianças ainda antes das urnas se abrirem. Foram sucessivos desgastes, como a formação da chapa majoritária, a fragmentação das chapas proporcionais e o anúncio de apoio a Jair Bolsonaro por Zé Ronaldo antes do primeiro turno.
Essa sinalização do candidato do DEM, inclusive, pareceu um aceno do dirigente do partido para o apoio no segundo turno, confirmado pelo próprio ACM Neto na última semana. No entanto, está longe de ser uma “tábua de salvação”, como chegaram a ironizar adversários.
Porém a associação entre ACM Neto e Bolsonaro é muito mais pragmática do que programática e os riscos devem ter sido milimetricamente medidos. Uma coisa é certa: ACM Neto saiu menor das eleições de 2018. E precisa arrumar os farrapos restantes do seu grupo político para manter vigor nas urnas em 2020 e, consequentemente, se capitalizar para então disputar o Palácio de Ondina, dois anos depois.
Do contrário, o arco liderado pelo PT pode engolir de maneira definitiva o resquício de oposição que ameaçou ser soerguido após 2016. Este texto integra o comentário desta terça-feira (16) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios Excelsior, Irecê Líder FM, Clube FM e RB FM. Por Fernando Duarte
0 Comentários