De acordo com o arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, o papa receberá os restos mortais em um relicário acompanhado de uma pedra ametista, que terá formato de coração. “Como aquela que foi feita e viveu para amar”.
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Faz 30 anos que Alcione mora em Monte Serrat, região vizinha à Roma de Dulce. Durante o tempo, contabiliza as vezes que esteve com a freira. “Ela não era uma mulher de convento, mas da rua, subia e descia ajudando aos pobres. Um privilégio enorme tê-la aqui conosco”, comenta, sob a emoção de quem garante ter sido agraciada por um milagre.
Reitor do santuário, o Frei Giovanni Messias explicou que a representação foi feita por artistas plásticos de Nápoles, na Itália. “As relíquias se encontram numa caixa, embaixo do protótipo. Um pedacinho do corpo que já foi retirado para ser entregue ao papa”, disse, sem especificar qual seria o fragmento. “Toda parte é relíquia”, se limitou a dizer.
Hábito comum
Esse tipo de presente pode soar estranho, mas é prática comum no catolicismo. No ano passado, por exemplo, o Papa Francisco doou ao Patriarca Ecumênico de Constantinopla Bartolomeu I um relicário com alguns fragmentos de ossos de São Pedro.
Algumas relíquias de Santo Antônio de Pádua, como sua língua, também foram guardadas. Até hoje, o relicário dourado que guarda o resto mortal recebe a veneração de inúmeros devotos e peregrinos da cidade de Pádua, na Itália. Os relicários, segundo o Papa Francisco, têm uma importância histórica e arqueológica, mas principalmente espiritual e religiosa.
‘Para relembrar’
A cerimônia comandada por Dom Murilo, nesta quarta (18), foi diferente de uma missa comum. Com duração aproximada de 30 minutos, teve início às 15h, exatamente no momento em que os fiéis puderam acessar a Capela das Relíquias e ver de perto o protótipo, em tamanho real, vestido com as roupas e os acessórios originais da santa Dulce dos Pobres.
“Que sirva para relembrar a todos a vida futura do nosso anjo bom, em Cristo”, disse Dom Murilo, ao final da celebração, onde teve presente a sobrinha e superintendente das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), Maria Rita Pontes, o prefeito ACM Neto, o vice-prefeito Bruno Reis, além do coronel-geral da Polícia Militar, Anselmo Brandão.
Em aparente esforço para conter as lágrimas, Maria Rita classificou o momento como um dos dias de “maior emoção”, desde o sepultamento da tia, em 1992, na Igreja da Conceição da Praia. Do local, o corpo de Dulce foi transferido, em 2000, para a Capela de Santo Antônio, também no Santuário.
Dez anos mais tarde, os fiéis puderam ver os restos mortais pela primeira vez, durante dois dias, no ritual de transferência para a Capela das Relíquias, onde permanecerá em exposição. “Um momento único de alegria e realização viver uma coisa inédita de cuidar de uma santa”, disse, com a voz embargada.
Rita explicou que o Santuário segue em obras e só será reaberto no dia 11 de outubro, para receber a vigília. A capela onde está a urna, contudo, segue aberta à visitação, assim como o Café e o Memorial de Dulce.
O prefeito ACM Neto, que se aproximou e tocou na urna, disse ao CORREIO que a representação da santa, ali, aos olhos dos fiéis, é “mais um ponto importante de uma história de fé”. “Para nós, uma emoção única termos aqui uma santa brasileira, que é baiana e é de Salvador. Sem dúvida nenhuma, é sua obra e história de fé edificada na história”. (Correios)
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